Era uma vez um rei que possuía
larga extensão de terras.
Habituado a caminhar pelo seu
reino, certa ocasião o soberano irritou-se com a aspereza do solo que lhe feria
os pés.
Determinou que todas as estradas
e todos os caminhos fossem cobertos por macios e belos tapetes.
Todos os súditos se empenharam em
realizar a louca e difícil tarefa imposta pelo monarca.
Passaram-se alguns anos sem que o
trabalho pudesse ser concluído.
Um dia, o exigente soberano,
tomado por uma febre violenta, acabou morrendo sem ver seu desejo realizar-se.
Um velho sábio, ao tomar
conhecimento daquela estranha história, comentou: "pobre rei!
Morreu sem concretizar seu sonho
e sem saber o quão fácil isso poderia ter sido!"
Ante a surpresa e a discordância
manifestada por aqueles que o ouviam, esclareceu: "se o rei não queria
ferir-se com a aspereza dos solos, bastaria que cortasse dois pedacinhos de
tapete e os colasse na sola de seus próprios pés. Se assim tivesse agido, para
ele, todo o seu reino seria acarpetado."
Críticos sagazes, somos hábeis em
tecer comentários cruéis a respeito de pessoas e de situações.
Somos ágeis em relacionar o que
não nos agrada nos mais diversos lugares e ambientes.
Temos olhos de águia para
criticar e condenar.
Estabelecemos listas infindáveis
de coisas a serem melhoradas e corrigidas pelos outros.
Temos a convicção de que "se
não fosse pelos erros dos outros o mundo poderia ser muito melhor."
Agimos como se fôssemos meros
espectadores e como se não nos coubesse qualquer responsabilidade perante a
vida.
Esperamos que as coisas se
resolvam por si só, ou ainda, que as outras pessoas façam algo por nós.
Queremos um mundo onde as
estradas sejam acarpetadas para garantir maciez aos nossos pés.
Mas, esperamos que os outros
cubram nossos caminhos com belos e ricos tapetes.
Delegamos ao resto da humanidade
a responsabilidade por toda a nossa desdita e pela nossa ventura.
Em virtude disso, vemo-nos
destinados a reclamar infinitamente pela não realização de nossos sonhos.
Sonhos esses que teriam grandes
chances de se concretizar se nos dispuséssemos a fazer a parte que nos cabe.
Não aguardemos pela iniciativa
dos que nos cercam na realização do que a todos compete efetuar.
Quem cruza os braços em função da
inércia alheia, confunde-se na multidão dos que nada fazem.
Responsabilizar os outros não
produz nada de útil.
Apontar equívocos alheios não nos
autoriza a ignorar os nossos próprios.
Ser capaz de reclamar não nos
aprimora, nem garante a correção das falhas que apuramos.
Abandonemos a acomodação que há
tanto nos acompanha e livremo-nos das garras da preguiça que nos alicia.
Tenhamos disposição para fazer o
que nosso conhecimento e nossa capacidade nos permitem.
Pouco a pouco, a gota corrompe a
pedra.
O raio de luz vence a escuridão.
O vento move a montanha e esculpe
as rochas.
Demonstra a natureza que cada
qual detém a possibilidade de alterar o que parece imutável.
Cada um, singela e constantemente
agindo, pode marcar a face da história e transformar o rumo da vida.
Atos simples que não exigirão
heroísmo, nem bravura, de nenhum de nós.
Atos cotidianos e aparentemente
banais, mas que, em verdade, integram a missão individual de cada um perante
Deus.
Pensemos nisso.
Equipe de Redação do Momento
Espírita, com base no livro Parábolas Eternas, organização Legrand, 3ª ed.,
Editora Sóler, pp 108/109.
http://www.reflexao.com.br/
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