sábado, 31 de março de 2012

Somos Todos Mestres e Aprendizes

O riso é a menor distância entre duas pessoas – Eugene Ionesco

Todos os grandes gênios que a humanidade já produziu concluíram, cedo ou tarde, que nosso vasto mundo é um playground onde, de todas as moedas de troca, a mais importante é o bom humor. Seja ensinando e/ou aprendendo, brincar é, sem dúvida, a melhor forma de perceber, amar e viver a vida.

No ato do brincar e rir verdadeiros, acionamos/oxigenamos nossa inteligência afetiva e emocional, ou seja, abre-se um fluxo de energia circulante para o ‘sentir’ e ‘perceber’ as pessoas que nos cercam e o invisível. Isso explica porque quando bem humorados, ficamos mais inspirados e inteligentes, e transcrevo aqui uma frase genial do pensador Guy Claxton: O riso é uma condição necessária para o pensar, porque a inteligência aumenta quando você pensa menos. Hehe!

Somos animais curiosos e só podemos sobreviver em nosso mundo se tivermos formas de satisfazer nossa curiosidade e aliviar todas as tensões inerentes aos desafios, inclusive, de aprendizado e amadurecimento, da vida.

Os animais humanos fazem isso através da brincadeira autêntica, embora nossa sociedade não valorize, infelizmente, a verdadeira brincadeira para os adultos. E aí começa nosso desafio maior, pois pais e professores são adultos, que precisam ensinar a vida às suas crianças. Como será esta troca? Quem será o mestre? Quem será o aprendiz?

O perigo: somos educados para a luta e competição. Crianças têm direito à infância? Adultos têm direito de brincar e aprender com suas crianças?

Mas, enquanto o padrão social é a luta, ficamos impacientes, tomamos atalhos (mundo da ilusão) e depois, surpresos, o desempenho e aprendizado caem, a frustração surge, e o mental racional/lógico nos confirma: somos mesmo incompetentes (notas baixas) e infelizes (mesmo que a nota seja alta) porque solitários.

O psicólogo Arthur Koestler acredita que a curiosidade, ou impulso exploratório, é um imperativo fundamental do comportamento humano, como a fome ou a sede. Ele cita amplas evidências do mundo animal como, por exemplo, os macacos que brincam com um desafio e o solucionam sem a oferta de uma recompensa. E, o que é mais importante, o desempenho melhora quando não estão brigando por uma recompensa, mas brincam solucionando o desafio no espírito da arte pela arte.

Quando há briga NÃO HÁ UMA BRINCADEIRA AUTÊNTICA e os animais ficam impacientes e tentam resolver as coisas rapidamente, o que faz claramente o desempenho piorar. Você já viu este filme?

O ato de ensinar e aprender é pura criatividade, alegria, arte pela arte, ao mesmo tempo uma questão de sobrevivência (no sentido da significância), jamais de competição.

A curtição verdadeira é nosso elo com o tipo de pensamento que nos permite ver a vida como um processo de constante redefinição, ressignificação. O bom humor e o riso, que pode partir do professor (pais) e contagiar alunos (filhos) ou partir do aluno (filho) e contagiar o mestre, pode ser um sinal de que estamos aprendendo novos padrões, de que captamos uma nova maneira de perceber algo. Uma aproximação via afetividade.

Mantenho minha posição de que só porque algo é importante, ou sou o líder da hora, não preciso ser séria. Buda foi o primeiro a ligar riso à alma, inspiração e criatividade. Ou seja, todos podemos ser pessoas animadas, inspiradas e viver uma vida criativa.

Quando permitimos que o bom humor e o riso se manifestem, façam parte do nosso cotidiano, abrimos uma pista de acesso para que padrões rígidos sejam transformados, e será por esta mesma pista que iremos acessar a forma mais fundamental de crescimento: nossa habilidade de aprender, registrar e responder flexivelmente e afetivamente às exigências da vida.

A perda do meio ambiente adequado para se brincar e, como conseqüência, da própria capacidade de brincar, produz muitos efeitos negativos na vida das pessoas: crianças e adultos. Nos últimos tempos, cientistas de várias áreas dedicam-se a investigar a filosofia e a psicologia do ato de brincar: o que acontece com o corpo, cérebro e comportamento de uma pessoa quando se diverte, faz travessuras, ri e desfruta a vida?

Desde o início, os resultados surpreendem: é justamente quando se brinca que as células cerebrais formam mais e mais conexões (sinapses), criando uma rede densa de ligações entre neurônios que passam sinais eletroquímicos de uma célula para outra. Ou seja, o ato de brincar e rir estimula e exercita as diferentes funções cerebrais. Sinapses brotam em grande número especialmente durante o momento de descontração e bom humor. E um fluxo interessante acontece: o que está acumulado na mente desce para as demais partes do corpo. Mente e corpo se aliviam de suas tensões, permitindo que ambos tenham mais percepções e prazer.

Finalizo este texto pedindo uma reflexão para o modelo de relação e posicionamento entre mestres e aprendizes. Quem é mestre? Quem é aprendiz a cada minuto de nossas vidas? Ou melhor, o que você quer ser? Mestre? Aprendiz? Ou os dois ao mesmo tempo?

Quando funcionamos sem bom humor, riso e criatividade, perdemos a capacidade da afetividade e do aprender, portanto, de ensinar. Quando afirmamos que somos autoridade porque temos mais idade ou papéis a cumprir, é sinal claro de que ficamos presos no mundo da ilusão e colocamos nossas crianças no mundo da solidão e impotência: onde estão meus mestres e referenciais? Com quem vou exercitar minha forma natural de aprender?

O modelo de uma vida comum bem-sucedida, que inclui decisões e compromissos precoces, com um preparo educacional que não aciona a espontaneidade, o aprender criativo, mas sim a luta e a competitividade, irá gerar que alegria e realização nas carreiras, casamentos e relacionamentos das nossas crianças?

Que mestre ou pais se sentem realizados e significantes se não existe alegria, prazer, afeto e calor nas relações com suas crianças?

Vamos mudar? Vamos curtir e aprender e... daí poder ensinar?

Bateson define a sabedoria como tendo muitos ingredientes, mas um dos essenciais é nos tornarmos conscientes de quantas vezes teremos de mudar de idéia.

A autora do texto Conceição Trucom é química, cientista, palestrante e escritora sobre temas voltados para alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida.
http://www.docelimao.com.br/
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quinta-feira, 29 de março de 2012

Amizade Virtual


Amizade virtual

Espaço que se cruzam,
palavras que se encaixam,
sorrisos imaginários que se entrelaçam,
confidências que se armazenam.
Assim nascem as amizades virtuais...

De repente estamos relatando
nossas angústias,
nossos momentos felizes,
trocamos segredos,
buscamos apoio para
os acontecimentos mais doídos.

Trocam-se palavras
revestidas nas emoções
de nossos momentos...
Ora, confortando as tristezas
refletidas nas lágrimas silenciosas,
ora, em alegrias contidas,
que quase sente-se
o calor do abraço amigo.

Nas tempestades do diz-que-diz-que,
navegamos em barcos sem remos,
até o momento, em que a amizade sincera,
sincroniza os remos na cumplicidade amiga
deslizando no mar sereno
da compreensão e do carinho.

A amizade virtual,
é fecundada com o coração,
adubada pela alma
e regada pelo carinho.

(Desconheço autoria)
 Dia 26 de março foi o Dia do Amigo Virtual
Mesmo com atraso (programei com erro a mensagem) 
quero registrar aqui o meu carinho 
por todos os seguidores do Eterno Aprendiz
em especial aos amigos mais chegados 
e com quem tive o prazer de trocar 
palavras de amizade e compartilhar
bons e maus momentos através da telinha.
Para você, com muito carinho!
Beijos!

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segunda-feira, 26 de março de 2012

Convivendo com Alzheimer… Por quê?

A mamãe tem Alzheimer há 11 anos e em janeiro ela deixou de andar. Só se alimenta de líquidos e já apresenta dificuldades para deglutir. Ela vai fazer 84 anos em abril e não me canso de agradecer a Deus a oportunidade de poder cuidá-la. Descrever o tamanho do amor que tenho por essa pessoa completamente dependente é quase impossível. Só peço a Deus que continue me capacitando e dando-me força para cumprir a minha missão.
 Por quê?

Porque a população de idosos está cada vez maior, e o Brasil está se tornando uma das seis maiores populações de idosos do mundo, com mais de 21 milhões de pessoas na terceira idade. É uma grande conquista!

Porque com o envelhecimento populacional, também está aumentando a incidência de doenças típicas desta faixa etária, destacando-se as doenças cardíacas e cerebrais!

Porque dentre as doenças cerebrais, as demências vêm surgindo com uma força cada vez maior, a ponto de serem apontadas como uma das grandes epidemias do século XXI!

Porque dentre as demências, a doença de Alzheimer é a principal e de maior prevalência, respondendo com cerca de 60% delas!

Porque toda a família adoece, quando o idoso é portador da doença de Alzheimer!

Porque é uma doença da qual não se sabe ainda a causa, não se tem um diagnóstico que ajude a confirmar e não possui tratamento curativo e adequado!

Porque mesmo não tendo um tratamento adequado, é dito que podem existir doenças sem cura, mas não existem idosos intratáveis!

Porque conviver é viver, compartilhar, ajudar, receber ajuda, amar e ser amado por alguém. Aqui o nosso grande elo de convivência é o idoso com demência: nosso pai, nossa mãe, nossa irmã e irmão, nosso tio e tia, nosso familiar!

Porque já se sabe que o melhor tratamento que se pode dar ao idoso com Alzheimer é a ajuda da família, o carinho da família, a união da família e o conhecimento sobre a doença, que a família aprende!

Porque se o cuidador familiar está bem, a família ajuda e todos se preocupam, o idoso terá um melhor conforto na luta contra esta doença tão devastadora!

Porque somente aliando solidariedade à informação, é que poderemos todos conviver melhor com Alzheimer!

Márcio Borges
Geriatra - marcioborges@cuidardeidosos.com.br
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domingo, 25 de março de 2012

CULTURA

26 filmes para assistir com seu filho

Um filme não precisa ser didático para ensinar valores importantes na formação dos alunos. Conheça obras do cinema aplaudidas por críticos e professores
O cinema é capaz de alimentar o intelecto com diversão
   
Todos podem se espelhar em exemplos do cinema para descobrir maneiras de aprender e ensinar melhor. Sem deixar de se divertir nem se emocionar. Como explica a professora de Cinema e vice coordenadora da Cinemateca da PUC (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) Verônica Ferreira Dias, um filme "é sempre algo atrativo, porque traz entretenimento e reflexão também".
Para ela, quando a sétima arte retrata processos de aprendizado bem-sucedidos, é capaz de despertar o espírito crítico da sociedade. "As pessoas acabam repensando o sistema educacional, já que nem sempre têm paciência para ouvir discursos teóricos de especialistas". E Verônica não está sozinha. Arte-educador e doutor em Educação pela USP (Universidade de São Paulo), Marcos Ferreira dos Santos pensa de modo semelhante. "O cinema faz com que a gente tenha um 'olho privilegiado' e consigamos entrever coisas invisíveis em certas situações".

Por outro lado, o professor tem suas ressalvas e não acredita que campeões de bilheteria sejam os mais indicados para falar sobre Ensino. "Blockbusters são direcionados demais para fins comerciais, não saem do lugar-comum, e por isso é difícil alguém acordar para a necessidade de aprender". Será? A professora da PUC acha que os chamados "filmes de arte" não conseguem atingir as massas e acabam sendo um esforço muitas vezes sem grandes resultados.

"Algo como Legalmente Loira contesta o estereótipo da 'patricinha loira e burra', quando ela chega à Harvard e faz o público enxergar que o importante é o esforço pessoal", comenta Verônica. Clássico, Cult ou popular é sempre você quem decide. Conheça melhor abaixo os filmes selecionados pelo Educar que mostram como, de uma forma ou de outra, o importante é aprender uma lição para o resto da vida.

1. Dúvida
2. Ao Mestre com Carinho
3. Billy Elliot
4. O Céu de Outubro
5.  Escola do Rock
6.  Gênio Indomável
7. O Homem-Elefante
8.  Legalmente Loira
9.  Mr. Holland: Adorável Professor
10. Pink Floyd: The Wall
11. Sociedade dos Poetas Mortos
12. A Cor Púrpura
13. O Sorriso de Monalisa
14. Uma Mente Brilhante
15. O Clube do Imperador
16. Meu mestre, minha vida
17. Mentes que Brilham
18. A Onda
19. A Prova
20. Pro dia nascer feliz
21. Encontrando Forrester
22. Um Sonho Possível
23. Entre os Muros da Escola
24. O Preço do Desafio
25. Ser e ter
26. Elefante

Texto Gabriel Navarro

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sábado, 24 de março de 2012

Não espere acontecer



Era uma vez um rei que possuía larga extensão de terras.

Habituado a caminhar pelo seu reino, certa ocasião o soberano irritou-se com a aspereza do solo que lhe feria os pés.

Determinou que todas as estradas e todos os caminhos fossem cobertos por macios e belos tapetes.

Todos os súditos se empenharam em realizar a louca e difícil tarefa imposta pelo monarca.

Passaram-se alguns anos sem que o trabalho pudesse ser concluído.

Um dia, o exigente soberano, tomado por uma febre violenta, acabou morrendo sem ver seu desejo realizar-se.

Um velho sábio, ao tomar conhecimento daquela estranha história, comentou: "pobre rei!

Morreu sem concretizar seu sonho e sem saber o quão fácil isso poderia ter sido!"

Ante a surpresa e a discordância manifestada por aqueles que o ouviam, esclareceu: "se o rei não queria ferir-se com a aspereza dos solos, bastaria que cortasse dois pedacinhos de tapete e os colasse na sola de seus próprios pés. Se assim tivesse agido, para ele, todo o seu reino seria acarpetado."

Críticos sagazes, somos hábeis em tecer comentários cruéis a respeito de pessoas e de situações.

Somos ágeis em relacionar o que não nos agrada nos mais diversos lugares e ambientes.

Temos olhos de águia para criticar e condenar.

Estabelecemos listas infindáveis de coisas a serem melhoradas e corrigidas pelos outros.

Temos a convicção de que "se não fosse pelos erros dos outros o mundo poderia ser muito melhor."

Agimos como se fôssemos meros espectadores e como se não nos coubesse qualquer responsabilidade perante a vida.

Esperamos que as coisas se resolvam por si só, ou ainda, que as outras pessoas façam algo por nós.

Queremos um mundo onde as estradas sejam acarpetadas para garantir maciez aos nossos pés.

Mas, esperamos que os outros cubram nossos caminhos com belos e ricos tapetes.

Delegamos ao resto da humanidade a responsabilidade por toda a nossa desdita e pela nossa ventura.

Em virtude disso, vemo-nos destinados a reclamar infinitamente pela não realização de nossos sonhos.

Sonhos esses que teriam grandes chances de se concretizar se nos dispuséssemos a fazer a parte que nos cabe.

Não aguardemos pela iniciativa dos que nos cercam na realização do que a todos compete efetuar.

Quem cruza os braços em função da inércia alheia, confunde-se na multidão dos que nada fazem.

Responsabilizar os outros não produz nada de útil.

Apontar equívocos alheios não nos autoriza a ignorar os nossos próprios.

Ser capaz de reclamar não nos aprimora, nem garante a correção das falhas que apuramos.

Abandonemos a acomodação que há tanto nos acompanha e livremo-nos das garras da preguiça que nos alicia.

Tenhamos disposição para fazer o que nosso conhecimento e nossa capacidade nos permitem.

Pouco a pouco, a gota corrompe a pedra.

O raio de luz vence a escuridão.

O vento move a montanha e esculpe as rochas.

Demonstra a natureza que cada qual detém a possibilidade de alterar o que parece imutável.

Cada um, singela e constantemente agindo, pode marcar a face da história e transformar o rumo da vida.

Atos simples que não exigirão heroísmo, nem bravura, de nenhum de nós.

Atos cotidianos e aparentemente banais, mas que, em verdade, integram a missão individual de cada um perante Deus.

Pensemos nisso.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro Parábolas Eternas, organização Legrand, 3ª ed., Editora Sóler, pp 108/109.
http://www.reflexao.com.br/
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quarta-feira, 21 de março de 2012

Dia do portador de Síndrome de Down

O indivíduo com Síndrome de Down e a inclusão familiar

Por Fernanda Travassos-Rodriguez

Fala-se muito a respeito da inclusão escolar e social do indivíduo com Síndrome de Down, contudo se esquece de que quem apresenta e inclui a criança desde o nascimento na sociedade é a própria família. 

Alguns pais de bebês, vítimas de um (pré) conceito internalizado, muitas vezes, enraizado e tácito, retraem-se do contato social aparentemente por temor ao preconceito alheio.  No entanto, não se dão conta de que através dos olhos de outros possam ver o reflexo de seus próprios afetos temidos e guardados, que frequentemente despertam-lhes sentimentos de vergonha e culpa.

Cada um de nós constrói ao longo da vida suas crenças, valores, conceitos e mesmo preconceitos.  Este processo é uma construção em via de mão dupla com o meio em que vivemos.  Escrevemos a nossa história dentro de uma época, de uma família e de uma sociedade. 

Sem este contexto, não poderíamos atribuir valor a nada nas nossas vidas.  São os nossos paradigmas.  Entretanto, pensando em práticas sociais, podemos dizer que o mundo de alguma maneira nos forma, mas também podemos dizer que formamos o mundo, pois são as nossas ideias, produto da nossa história com o nosso meio, que “realimentam” os paradigmas da nossa cultura.  Sendo assim, o preconceito social não existe como uma “entidade própria”, ele é constantemente reproduzido pela maioria de nós no cotidiano.

Muitos pais de crianças com Síndrome de Down passaram grande parte da vida sem terem contato com nenhuma criança, adolescente ou adulto nestas condições.  Formaram (pré) conceitos sobre a síndrome e seus portadores, assim como todos nós formamos (pré) conceitos sobre uma infinidade de temas que genuinamente desconhecemos. 

No momento que alguém se torna pai, mãe ou mesmo irmão de um bebê com Síndrome de Down seus preconceitos não desaparecem de imediato e isto pode causar muita dor e como já citamos há uma mistura de culpa e vergonha dos próprios sentimentos e da condição filho ou irmão.

Como a palavra preconceito na sua etimologia assinala, trata-se de uma ideia construída a priori, de forma precoce e que não inclui uma vivência ou conhecimento acerca do objeto alvo de julgamento.  Concluímos, portanto, que a única maneira de transformar o preconceito pessoal e/ou social, visto que eles estão intimamente relacionados, é através da informação e da proximidade com o tema. 

Vemos que muitas pessoas são capazes de transformar os seus preconceitos acerca dos portadores de diversos tipos de deficiência ao longo de um intenso aprendizado de vida com os próprios filhos, mas, às vezes, por uma série de fatores, outros pais não têm esta possibilidade e mantém o preconceito “engavetado”, mascarado sob uma série de atitudes que acabam por reforçar a exclusão social do próprio filho.  São pessoas sofridas e que não conseguiram transformar as suas crenças.  Precisam de ajuda, mas, muitas vezes nem sabem.

A presença do indivíduo com Síndrome de Down na escola regular, na mídia e na sociedade de forma mais ampla denota uma mudança produzida pela nossa subcultura, já que acreditamos que tais elaborações são recíprocas.  Não se trata de um movimento independente do nosso contexto, senão não seria significativo. 

Assistimos hoje um momento que pode se tornar histórico, um ponto de bifurcação que pode gerar uma mudança do conceito que se tinha sobre a pessoa com Síndrome de Down dentro do imaginário social.  Isto não muda a sociedade em si, isto muda as ideias das pessoas que constroem socialmente valores, normas, padrões, conceitos e preconceitos.

Contudo, podemos dizer que a inclusão começa em casa, seja em relação aos pais que têm filhos com Síndrome de Down, seja com pais que têm filhos sem nenhum tipo de síndrome e que permitem que seus filhos conheçam se aproximem e convivam com as diferenças. 

Todos nós estamos incluídos nesta história e enquanto as pessoas não se derem conta disso, apenas os que sofrem o preconceito na própria carne serão capazes de pensar em alternativas para a transformação social.  No caso da criança com Síndrome de Down, como já vimos, existe uma grande necessidade que ela seja genuinamente inserida na sua família para que possamos pensar em qualquer tipo de inclusão, pois uma inclusão que não é baseada em crenças verdadeiras dos próprios pais não funciona, não vinga e não transforma aqueles que cercam a criança. 

Dizemos isto porque a luta pela inclusão na nossa sociedade consiste em uma batalha muito dura.  Há uma guerra travada com aqueles que não aceitam nem as próprias diferenças e vivem em busca de modelos ideais.  Portanto, a família que não trabalha muito bem todas estas questões dentro de si, provavelmente terá pouca energia para ir mais longe nesta luta e, então, fica  muito difícil pensar em inclusão escolar e social.

Os pais, muitas vezes, têm um preconceito que é anterior (como a própria palavra já diz) ao nascimento do filho e com frequência não se dão conta disto até que alguém os aponte.  Com este preconceito internalizado e muitas vezes culpados por estes sentimentos camuflam esta questão.

Tal problemática fica evidenciada quando tentam incluir seu filho na vida escolar e social.  Nestes casos, vemos a necessidade de um trabalho cuidadoso e minucioso junto aos familiares que não se trata de orientação, nem prescrição, pois assim não damos espaço para acolher o lado preconceituoso dos próprios pais e dar-lhes a possibilidade de transformação, trata-se mesmo de um trabalho psicoterápico realizado por profissional especializado no assunto.

Na pesquisa de campo para a tese de doutorado: Síndrome de Down - da estimulação precoce ao acolhimento familiar precoce, percebemos que atitudes prescritivas e imperativas dos profissionais que lidam com pais de crianças com Síndrome de Down aumentavam ainda mais o preconceito internalizado dos pais em relação aos filhos, visto que os pais, ao se sentirem recriminados por se identificarem com atitudes preconceituosas, guardavam e escondiam mais ainda dentro de si, tais sentimentos considerados por eles vergonhosos, ao ponto de não mais reconhecer o próprio preconceito, ter a possibilidade de entrar em contato com ele e transformá-lo. 

Portanto, com o tempo fica cada vez mais difícil ajudar e identificar esta parcela da sociedade que teve o seu preconceito silenciado por não ter acesso a um espaço com profissionais especializados que pudessem suportar escutar e acolher junto com os pais as angústias próprias de um momento tão delicado: O tornar-se familiar de um bebê com a Síndrome de Down.

Quando este trabalho é feito ou quando as famílias conseguem realizá-lo de maneira natural a criança está pronta para ser inserida numa esfera maior.  O bebê com Síndrome de Down pode ser inserido na sociedade desde bem pequeno quando frequenta em seus passeios de carrinho os mesmos lugares que os outros bebês considerados “normais”, frequenta as reuniões de família, as festinhas de outras crianças e todas as outras coisas que qualquer criança deveria fazer.

 No entanto, mais tarde, através da escola haverá uma inclusão mais contundente que colocará a prova o preconceito de cada educador com que a criança se deparar e também o dos outros pais de crianças que frequentem a mesma escola, no caso de escolas regulares.

O momento da inclusão escolar é muito complicado para a família da criança com Síndrome de Down, mesmo que ela tenha trabalhado bem suas questões relativas ao preconceito.  Isto porque os pais temem a exposição do próprio filho a um ambiente que muitas vezes é hostil ou despreparado para lidar com as diferenças.  Ficam com medo da discriminação e querem proteger o filho de qualquer tipo de sofrimento. 

Contudo, as crianças vão para a escola não só para aprender português ou matemática, mas também para se socializar.  Vão aprender na prática as regras do nosso convívio e por isso é tão importante que a criança com Síndrome de Down possa participar disso também. 

Em primeiro lugar, ela ensina aos colegas que a vida é feita de diferenças e que é possível lidar com as mesmas sem ter que buscar modelos ideais.  Em segundo lugar, a criança com Síndrome de Down começa desde bem cedo a aprender a ter que lidar com a sociedade como ela é. 

Não se criam mundos paralelos para a criança que, nestes casos, apenas na adolescência começará a se deparar com um mundo diferente do que construíram para ela.  Isto causa sofrimento e cria mais dificuldades no processo de inclusão deste indivíduo. 

Finalmente, acreditamos que um trabalho bem feito de inclusão começa dentro de casa e isto modifica a sociedade e facilita a vida destas crianças em um futuro próximo.  Afinal, estamos todos dentro deste grande barco chamado sociedade.




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terça-feira, 20 de março de 2012

Viver o presente



 Quer aprender a viver no presente? 
Então tenha filhos.

Observar um bebê e a sua relação com o tempo é simplesmente divino, afirma a escritora e professora de yoga, Isabela Fortes.
Nessa observação da vida infantil, através da lupa da sensibilidade, ela afirma que, para o bebê, o passado e o futuro não existem apenas o agora.

Em variações de pequenos segundos, ele tenta nos comunicar o que precisa no momento em que precisa: fome, sono, dor, fraldas - tudo só existe no agora.
Também as crianças maiores, na primeira infância, levam algum tempo para conseguir entender o tal do tempo.

Ontem, amanhã, daqui a dois dias ou dois anos, para elas é tudo igual e incompreensível.

Essa questão nos leva a experiências curiosas, como por exemplo, a do casal que adotou uma forma peculiar de conseguir explicar o tempo para sua filha de 5 anos.

Quando queriam dizer que faltavam 2 dias para ela viajar, ou para começar as aulas, afirmavam: Você terá que dormir e acordar, e depois dormir e acordar novamente, aí chega o dia.

* * *

Dessa característica especial dos pequenos, podemos aprender que o foco, no tempo presente, é fundamental para ter uma vida equilibrada.

Gastamos energias em demasia quando presos excessivamente ao passado, às lembranças.

Da mesma forma que nos desgastamos muito com a tal da preocupação, isto é, uma ocupação prévia com algo que ainda não aconteceu, e pode nem vir a acontecer.

Foi assim que conhecemos a temida e tão analisada ansiedade que, nos dias de hoje, nos traz problemas e mais problemas existenciais.
 Quando nos focamos no presente, vivendo um dia de cada vez, como se diz popularmente, aproveitamos o tempo com muito mais eficiência e menos desgaste.

Fazemos cada tarefa pensando nesta tarefa, e não naquilo que deixamos de fazer ou naquilo que faremos amanhã ou depois.

Quando estamos com alguém que amamos, com a família, por exemplo, estejamos lá por inteiro, e não metade ali, aproveitando, e outra metade voando com o pensamento para longe.
 Alguns de nós chegamos a fazer uma espécie de autoterrorismo, cultivando pensamentos como: Pena que esses momentos não duram! Como viverei quando tudo isso acabar?

São sofrimentos voluntários, desnecessários, que impomos aos nossos dias, por não nos darmos chance de viver o presente, e dele extrair tudo de bom que está nos ofertando.

Viver o presente não significa, porém, viver sem planos, sem objetivos. Nem desconsiderar o passado, sem tê-lo como referencial importante - de forma alguma!
Viver o presente é dar o devido peso a cada um desses tempos, aprendendo com o passado, vislumbrando o futuro, mas trabalhando no presente, e apenas no presente.

É fundamental lembrar-se do ensino do Cristo, quando, ao perceber as inquietações de nossa alma, quanto aos dias vindouros, afirmou:

Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, pois o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.

         
Redação do Momento Espírita com base em trecho do artigo Filhos, o melhor é tê-los, de Isabela Fortes, para a Revista Prana Yoga Jornal, junho 2008 e no cap. 6, versículo 34 do Evangelho de Mateus.

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segunda-feira, 19 de março de 2012

Defendendo a Responsabilidade da Família na Educação dos Filhos

À primeira vista, seria desnecessário frisar que os pais têm a principal responsabilidade na educação de seus filhos. Afinal, por milhares de anos eles sempre tiveram um papel decisivo na área de ensinar os filhos.

                                                                                                 
A principal desvantagem do passado era que não havia os recursos educacionais que conhecemos hoje, e a vantagem era que uma educação centrada no lar moldava a formação do caráter de forma direta. Havia tanto convívio familiar que não sobrava aos adolescentes tempo para se envolver com más companhias.

O normal era o respeito e o apego à família. Hoje a situação se inverte: pouco convívio familiar e muito envolvimento com amigos suspeitos, principalmente em escolas públicas, trazendo como resultado infelizes mudanças de comportamento, inclusive desrespeito aos valores aprendidos na família e na igreja.

O que sempre tornou fundamental o papel dos pais na educação dos filhos é que eles sempre tiveram a autoridade para definir os valores de vida. Sua missão era encorajar, corrigir e treinar moralmente. Os filhos não aprendiam somente a ler e a escrever, mas também a levar uma vida honesta e responsável.
Embora saibam que o melhor lugar para uma criança aprender valores morais é o lar, muitos pais se sentem incapazes de dar aos filhos o conhecimento educacional que as escolas institucionais podem dar. Assim, eles enviam os filhos a essas escolas, muitas vezes temendo por sua segurança moral, espiritual e física.
As escolas públicas têm hoje uma vasta influência na vida de milhões de crianças. As crianças passam grande parte de seu tempo semanal absorvendo o que aprendem nas escolas. E o que elas estão aprendendo?

A maioria dos pais sente que as escolas públicas não são uma boa opção. Eles gostariam de mandar os filhos para uma escola cristã. Até mesmo pais não-cristão não veem nenhum problema em colocar os filhos em escolas cristãs, porque sabem que lá eles aprenderão valores morais.
 
Os pais têm um interesse natural em proteger os filhos e lhes dar segurança. Na escola pública, as crianças estão sujeitas a absorver ensinamentos errados e as experiências negativas dos amigos. É uma socialização que desafia tudo o que ela aprendeu no lar. Nesse desafio, o maior perdedor pode ser a criança e a família.

É claro que é direito dos pais decidir o tipo de educação que será melhor para os filhos. Se eles preferem uma escolar pública, o governo não deveria impedi-los, mas apoiá-los. Se o que os pais querem é mandá-los para uma escola particular cristã ou lhes dar educação escolar em casa, é responsabilidade do governo tratar esses pais com o mesmo respeito e apoio.

O papel do governo é apoiar os pais, não tentar substitui-los ou enfraquecer seu direito de escolher o que é melhor para os filhos.
Educar uma criança é como cultivar uma planta. Aliás, o Salmo 128:3 diz que nossos filhos são como oliveiras novas. Plantinhas devem ser cultivadas, regadas e tratadas com muita atenção.
Embora o capim possa crescer sem nenhum problema em qualquer lugar, plantinhas valiosas precisam do nosso cuidado direto. Se receber uma educação qualquer, sem princípios morais, a criança corre o sério risco de se tornar como capim, moralmente inútil. Se receber uma educação cuidadosa, ela terá tanto valor e utilidade como a oliveira.

POR: DANIEL PORFIRIO 


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domingo, 18 de março de 2012

Mentira e descrédito

Você costuma mentir para seus filhos?

É possível que, sem uma reflexão aprofundada, a maioria dos pais responda que não. Que a mentira não é uma boa medida pedagógica.

No entanto, é muito comum, no trato com os filhos, observarmos pais, mães e outros educadores, lançando mão de pequenas mentiras para convencer os filhos a fazerem o que eles desejam ou o que deve ser feito.

Assim é que, há poucos dias, vimos pelo telejornal, uma mãe convencer o filho a embarcar no avião, num dia em que jogaria o time para o qual ele torcia, mentindo que na aeronave ele poderia assistir ao jogo pela televisão.

Ao ser entrevistada, ela respondeu ao repórter que havia inventado uma "mentirinha" para que o filho embarcasse sem dar trabalho.

Apenas uma mentira sem importância para a mãe, mas de grandes proporções para aquele garotinho ávido por assistir seu time disputar uma partida decisiva.

Muitas vezes, para nos livrar da insistência do filho, prometemos coisas que sabemos, de antemão, que não vamos cumprir.

Se ele quer ir ao zoológico, por exemplo, prometemos que o levaremos noutro dia, e esse dia não chega nunca.

Se não quer ir para a escola, fazemos mil propostas interessantes, mas, tão logo ele consinta em ir, nos esquecemos delas.

Vezes sem conta, percebemos pais que enganam os filhos dizendo que vão dar uma saidinha e logo voltam, e se demoram dias em viagens de lazer, enquanto os pequenos, desiludidos, esperam e esperam...

São mentiras que, aparentemente sem importância, constróem nas almas infantis a descrença, a desconfiança e a insegurança.

São essas pequenas pedras apodrecidas que levantam homens falsos e mentirosos que não têm compromisso com a verdade e, muito menos, com os sentimentos alheios.

Crescem enganados e, se não forem espíritos elevados, incorporam essas vivências de forma natural, e a devolvem à sociedade conforme a receberam.

Depois, essa mesma sociedade reclama quando é iludida com promessas não cumpridas, com plataformas que não passam de simulacro, com mentiras e enganações.

É importante que pensemos, com seriedade, nas palavras destiladas dia a dia, junto aos filhos.

É imprescindível que analisemos muito bem as promessas que fazemos e, uma vez feitas, que sejam cumpridas. Mas, se por um motivo ou outro não as pudermos cumprir, que expliquemos o motivo, sem mentir nem iludir.

No princípio pode parecer difícil, mas a experiência prova que a verdade é eficaz e duradoura e que a mentira, além de ter as "pernas curtas", é ineficiente e prejudicial.

Pense nisso!

A mentira é como ácido corrosivo; dilacera os laços afetivos e os rompe pouco a pouco.

A verdade é a pedra boa que, empregada na construção do afeto, a torna sólida e duradoura, resistente a qualquer tempestade.

Pensemos nisso!
        
Redação do Momento Espírita
http://www.reflexao.com.br/


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