A criança sensível em uma sociedade hiperativa
Por: Maeve Vida e Lígia Miragaia
Elas estão entre nós, por toda a parte. É fácil percebê-las. São muito ativas, olhar penetrante, alegres e profundas. Falam coisas que, aparentemente, não tem conexão com a vida que estão vivendo nesse plano. São lembranças de sua alma, fluindo para o dia-a-dia. São crianças sensíveis, que vieram com uma missão: juntas ajudarão a transformar e reorganizar nossa confusa sociedade.
Elas estão aqui para nos lembrar que os grandes mestres da Humanidade já nos deram e ainda nos dão os variados mapas, a escolher, do caminho a percorrer para encontrar a harmonia dentro de si.
Essas crianças estão chegando com um alerta: parem um pouco, questionem seus hábitos, acalmem-se, respirem. Vamos juntos nos ajudar a praticar os valores espirituais que temos dentro de nós e nos perguntar: Quem sou eu? Eu sou essa embalagem que um dia terei que deixar, ou sou algo além dela? Qual é a minha missão maior? Interna ou externa?
Em uma sociedade hiperativa como a nossa, essas crianças são tidas como desajustadas. Elas vêem com propostas absurdas de arranjar tempo para passear de mãos dadas, observar o pequeno mundo mágico dos insetos, que sobrevive em meio ao concreto, de ter tempo livre para uma tarde no parque. Calma! Elas não querem nos fazer mal.
Vieram para nos redimir. Para nos fazer lembrar que somos seres perfeitos por herança divina. Não são elas as hiperativas: somos nós.
Suas almas apenas anseiam por retomar o contato com os ensinamentos espirituais profundos que já tiveram contato e se sentem incomodadas e irritadas quando não são colocadas em um ambiente adequado.
Sem contato com a natureza, sem carinho e atenção que necessitam no dia-a-dia, com excesso de estímulo eletrônico, sem poderem se expressar artisticamente através da música ou da arte, enfim, sem poder exercer sua espiritualidade no cotidiano, sentem-se tolhidas em sua grandeza. Como queremos que elas se comportem bem?
Não está sendo oferecido a essas crianças o alimento adequado para sua alma. Não compreendemos que para acalmá-las, basta fornecer a elas a simplicidade de uma vida equilibrada.
Permitir que elas possam brincar com objetos simples, instruí-las para sintonizar-se com a Natureza e com a sua própria natureza, viver de acordo com seu ritmo infantil e não ao ritmo acelerado e estressante do universo adulto, serem preservadas de conteúdos que a despertem precocemente para a sexualidade, serem alimentadas com histórias dos heróis de verdade, que ensinam sobre as verdadeiras virtudes e valores, ou seja, anseiam por um alimento espiritual forte e claro, fazendo com que elas se sintam seguras, confiantes e felizes.
Essas crianças querem ser tratadas como almas individualizadas, e estão sedentas do conhecimento divino. Essas crianças sensíveis vieram para nos recordar de tudo isso. E o que nós adultos fazemos com ela? O novo nos causa pânico e mal-estar. As mudanças nos assustam. Os comportamentos não catalogados nos surpreendem.
Levianamente rotulamos essas crianças de hiperativas. Drogamos essas crianças, como fazemos com a nossa criança interior, quando ela pede calma, atenção e aconchego. Não compreendemos a grandeza da missão desses pequenos seres.
Não percebemos que eles vieram para nos ensinar que todos precisamos de tempo, amor e proteção. E se quisermos ajudar a reconstruir essa frenética sociedade, precisamos buscar a paz dentro de nós, e não fora.
E em última instância, tudo que essas crianças estão desesperadamente nos cobrando é muito amor. O amor é a chave para a compreensão do seu universo. Dê amor a uma criança assim e ela compreenderá tudo que disser a ela.
Mas sem essa chave, nada e ninguém poderá penetrar em seu mundo. Elas podem se tornar autistas, hiperativas ou portadores de doenças graves.
Mas sem essa chave, nada e ninguém poderá penetrar em seu mundo. Elas podem se tornar autistas, hiperativas ou portadores de doenças graves.
Mas como oferecer isso a elas, se nós adultos não sabemos o que é, onde comprar, como encontrá-lo?
E é aí, neste ponto, que nossa sociedade deve parar e se reajustar. O amor é como uma onda gigantesca, adormecida dentro de nós, que nos envolve totalmente quando permitimos que ele se manifeste, nos dando um tempo para simplesmente existir, sem nenhum tipo de cobrança, explicação ou subterfúgios.
Quando permitimos despir a capa do ego e olhar para dentro da alma. Quando deixamos fluir o que somos em essência. Não é algo novo. Ele já está pronto, dentro de nós. Precisamos apenas tirar os véus que o recobrem. Os véus da pressa, do egoísmo, da ansiedade, da irritação, da vaidade, da ambição: vejam quantos véus inúteis para nossa felicidade.
E fazer o caminho de volta para a comunhão com o Eterno, através da oração, da meditação, de uma conversa íntima com Deus, que realmente poderá mostrar onde está essa estrada luminosa que nos levará à compreensão total desses seres divinos, que podem ser nossos filhos, filhos de amigos, nossos alunos, não importam.
Todos somos responsáveis pela felicidade das crianças do planeta.
Elas vieram para nos ensinar. Aproveitem!
Maeve D’Lippi e Lígia Schmiegelow são autoras do livro Gandhi, o Herói da Paz e editoras dos sitesn www.omnisciencia.com.br e www.educacaoparapaz.com.br, mães de três filhos cada uma, profundamente gratas pela oportunidade divina de aprender com esses seres de luz que são seus filhos.
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