By
Roseli Brito
Educar nos dias de hoje, não é o
mesmo que educar a 40 anos atrás. A sociedade mudou e as famílias também
mudaram. Tudo a nossa volta mostra-se
com limites muito mais flexíveis e frouxos.
Assim temos hoje, a indisciplina generalizada e autorizada pelos meios
de comunicação, pela nossa cultura e pelas famílias. Nós, os Educadores somos os únicos que ainda
defendem os valores de 40 anos atrás.
Talvez sejamos um dos poucos
segmentos, no planeta inteiro, que preza, ensina e cobra nas crianças e nos
jovens, atitudes pautadas em princípios, valores e firmeza de caráter.
Seríamos nós, seres tão
“jurássicos” e ultrapassados a ponto de sermos um dos poucos que rema e caminha
contrário a essa crescente corrente de corrupção, indisciplina, falta de moral,
de princípios e caráter?
Somos aqueles que apontam,
ensinam, corrigem, cobram, porém ao apontarmos estamos expondo a negligência e
incompetência das famílias na correta educação dos filhos, negligência esta que
tem um preço alto, e quem paga é a sociedade e todos aqueles que nela vivem ou
viverão.
Enquanto isso chegam às nossas
salas de aula, diariamente, crianças e jovens com seus fones de ouvido, seus
celulares, seus comportamentos debochados e indisciplinados, seu linguajar rude e desrespeitoso, que sentem-se
autorizados, pela família (que não lhes deu a devida educação) e muitas vezes
também pela Escola (quando não dispõem de mecanismos de gerenciamento efetivo
dos espaços e na criação de normas disciplinares padronizadas para todos os
professores) e dos Gestores (que em
muitos casos não oferecem o apoio e o respaldo que o professor precisa para que
seja aplicada a devida correção).
O vilão da estória, causador de
todas estas situações? é o Professor !
afinal é ele que vive “pegando no pé”
dos alunos, é ele que vive reclamando da indisciplina, é ele que sempre vem com
aquela mesma “lengalenga” de que o aluno tem de desligar o celular, guardar o
fone de ouvido, fazer a lição, fazer silêncio.
O resultado dessa negligência
moral e da indisciplina autorizada é que o discurso do Professor fica perdido,
sufocado em um emaranhado de percepções e valores controversos. As próprias
famílias ensinam e estimulam que os filhos revidem e não levem “desaforos para
casa”, os filhos por sua vez convivem com pais que gritam, se agridem física e
verbalmente e não são bons exemplos de conduta.
Assim fica fácil encontrar o vilão,
pois o único que destoa de tudo isso é o Professor, e como tal precisa ser
visto como vilão da estória, pois só assim todos os demais envolvidos se eximem
da culpa e da responsabilidade por estarem negligenciando com seus deveres.
Os pais precisam culpar alguém
pelo fracasso dos filhos, os alunos precisam achar um “Judas para malhar” e
alguns Gestores precisam de um bode expiatório para levar a culpa.
Será que esse papel é meu?
Diz o ditado popular “a voz do
povo é a voz de Deus”, ditado esse que discordo veementemente. Muitas vezes as pessoas se juntam, e se
apoiam dentro de um único ponto de vista, pois unidos em um grupo acreditam que
suas atitudes são legitimadas.
Por esta razão não se engane em
acreditar que você é o vilão da estória, só porque as famílias ou os alunos precisam
de um bode expiatório. Não caia no grupo da autocomiseração, nada de sentir
“dodói”, querer abandonar a profissão, jogar tudo para o alto alegando que não
vale a pena. Já dizia Fernando Pessoa: “tudo vale a pena se a alma não é
pequena”.
Ao entrar em uma sala de aula,
não devemos fazê-lo de forma ingênua ou despreparada. Não estamos lá apenas
para dar aulas, ou cumprir o livro didático. É preciso que fique claro qual o
seu real papel dentro do grande contexto que é educar.
O que pode ser feito?
Existem algumas maneiras de lidar
com a indisciplina dentro da Escola:
1) tratar com indiferença e fazer
de conta que não se importa e deixar “rolar”
2) obrigar os pais e alunos, por meios legais ou com medidas enérgicas e ameaças a tomar
providências
3) não fazer nada e esperar
outros tomarem atitude
4) mudar de profissão devido ao esgotamento nervoso
5) criar estratégias para
minimizar, contornar ou corrigir uma situação
Conclusão:
Pais negligentes sempre existirão
bem como Alunos debochados e indisciplinados. Teremos de conviver com Gestores
despreparados e talvez ainda, por um bom tempo com uma Legislação paternalista
e Políticas Públicas precárias. O fato é que o grande cenário precisa de
mudanças, urgentes e profundas, no entanto jamais aceite ser tratado como
vilão.
Professor não é vilão. O
Professor faz parte da solução!
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