Bruna Nicolielo
As regras do novo acordo
ortográfico passam a valer definitivamente a partir de 1º de janeiro de 2013.
Se você ainda não domina todas as mudanças, precisa se preparar para adotá-las
(leia as principais alterações no final desta página). Todo professor,
independentemente da disciplina que leciona, deve seguir as normas para
escrever corretamente em diferentes contextos - na preparação e na correção de
atividades e provas, no quadro, nos bilhetes enviados aos responsáveis e em
textos direcionados aos colegas de trabalho e à direção, como o planejamento.
A melhor forma de lembrar as
alterações - e incorporá-las progressivamente - é manter bons materiais de
consulta sempre à mão. "Uma possibilidade é recorrer a um dicionário com
verbetes atualizados, que pode ficar em classe ou na sala dos professores, até
que todos se familiarizem com elas", diz Clecio Bunzen, docente da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). No computador, usar versões
recentes de corretores de texto também ajuda. Outra dica é preparar colas sobre
aquilo que desperta mais dúvidas, como o uso do hífen, e deixá-las sempre à
mão.
Bem informado e preparado, você
estará apto a esclarecer questões trazidas pelos alunos e ajudá-los a revisar
seus textos. Crianças em processo de alfabetização são as menos afetadas, pois
já devem aprender conforme as novas regras da língua. Além disso, nas séries
iniciais, não há um trabalho de reflexão sobre a acentuação ou sobre o uso do
hífen - duas das principais modificações. "Nesse momento, os pequenos se
preocupam com outros aspectos da ortografia, como escrever caracol com 'l' ou
com 'u'", afirma Bunzen. "Quando forem estudar os acentos, as regras
novas já terão sido internalizadas", afirma.
Os mais velhos, que conhecem as
normas hoje em vigor, têm mais dúvidas. "Eles precisam ser orientados por
meio do ensino específico do que mudou", explica Artur Gomes de Morais,
professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e autor de livros sobre
o aprendizado da ortografia.
Segundo ele, é importante ler
palavras grafadas corretamente, especialmente nos casos em que as formas não
podem ser compreendidas com regras. A recomendação, nesse caso, também é usar
materiais de consulta, sem se preocupar em levar a turma a decorar as
alterações não usadas com frequência.
Se a garotada se deparar com uma
grafia antiga em um livro, por exemplo, pode-se incentivar a investigação do
"erro", buscando a data de impressão dele. As alterações na
ortografia podem ser resgatadas no momento em que essas dúvidas surgem - sem
desviar, é claro, do conteúdo previsto para a aula.
O que motivou o novo acordo
As mudanças foram planejadas
visando unificar as regras do idioma no Brasil, em Cabo Verde, em São Tomé e
Príncipe, em Portugal, em Angola, na Guiné-Bissau, em Moçambique e no Timor
Leste, que vêm discutindo o tema desde os anos 1990. O fator econômico foi
determinante, pois a padronização vai facilitar a integração comercial.
A unificação pode ainda estimular
o intercâmbio científico e cultural entre esses países. Embora todos falem a
mesma língua, nem sempre é fácil entender além de suas fronteiras o texto
escrito em um deles. E isso impede que as culturas nacionais transitem de um
país para outro. "Com a reforma, é esperado que os bens culturais dessas
nações, como as produções literárias, ganhem maior projeção e passem a ser mais
consumidos fora de seu território de origem", explica Ulisses Infante,
professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e autor de
diversas obras sobre a língua.
A reforma não atinge todos os
países da mesma maneira. No Brasil, por exemplo, 2 mil palavras sofreram
alterações, ou seja, 0,5% do total. Já em Portugal cerca de 10 mil termos
mudaram - 1,5%. Lá, "óptimo" e "acção" passaram a ser
grafados como por aqui ("ótimo" e "ação"), aproximando-se
da linguagem oral comum no nosso país.
Mudanças ortográficas não são uma
novidade no Brasil. As primeiras ocorreram em 1943, com o propósito de
aproximar as normas oficiais da língua usada no cotidiano, incorporando
brasileirismos, por exemplo. Assim, foram endossadas grafias como
"comércio" e "farmácia", que já eram usadas por aqui
juntamente com "commercio" e "pharmacia" - comuns em
Portugal.
Uma nova atualização ocorreu em
1971. Nessa, o trema nos hiatos átonos (como em "vaïdade") deixou de
ser usado. Além disso, o acento circunflexo diferencial nas letras
"e" e "o" das palavras escritas da mesma maneira, mas com
sons distintos, foi eliminado. É o caso do substantivo "almôço", que
levava acento para ser distinguido de "almoço", da conjugação do
verbo almoçar na primeira pessoa do singular. O mesmo ocorreu com o substantivo
"comêço".
Esse percurso comprova que a
língua é dinâmica e se altera com o passar dos tempos. O mesmo ocorre com a
ortografia, uma convenção social, fruto do momento histórico. As mudanças do
idioma, portanto, devem ser analisadas de acordo com o contexto.
Mudanças na língua
1 - Acento agudo
- Deixa de existir nos ditongos
(encontro de duas vogais em uma só sílaba) abertos "ei" e
"oi" das palavras paroxítonas (que têm a penúltima sílaba pronunciada
com mais intensidade).
assembléia assembleia
Observação: as oxítonas (com
acento na última sílaba) e os monossílabos tônicos terminados em
"éi", "éu" e "ói", no singural e plural (anéis,
chapéu e herói) continuam com acento.
- Desaparece nas paroxítonas com
"i" e "u" tônicos que formam hiato (sequência de duas
vogais que pertencem a sílabas diferentes) com a vogal anterior, que, por sua
vez, faz parte de um ditongo.
feiúra feiura
Observação: as vogais
"i" e "u" continuam a ser acentuadas se formarem hiato, mas
estiverem sozinhas na sílaba ou seguidas de "s" (baú e baús) ou, em
oxítonas, se forem precedidas de ditongo e estiverem no fim da palavra
(tuiuiú).
2 - Trema
- É eliminado, mas a pronúncia
continua a mesma.
tranqüilo tranquilo
freqüente frequente
Observação: o sinal foi mantido
em nomes próprios de origem estrangeira, bem como em seus derivados (como em
Müller e mülleriano).
3 - Acento circunflexo
- Não é mais usado nas palavras
terminadas em "oo".
enjôo enjoo
- Também desaparece o circunflexo
na conjugação da terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos
crer, ler, ver e derivados.
lêem leem
Observação: nada muda na
acentuação dos verbos ter e vir e dos seus derivados.
4 - Acento diferencial
- Nos casos abaixo, não é mais
usado para facilitar a identificação de palavras homófonas, ou seja, que têm a
mesma pronúncia.
- pára (forma verbal) e para
(preposição)
- pelo (preposição +
"o") e pêlo (substantivo)
Observação: duas palavras
continuarão recebendo o acento diferencial:
- Pôr (verbo) mantém o
circunflexo para que não seja confundido com a preposição por.
- Pôde (verbo conjugado no
passado) também mantém o acento para que não haja confusão com pode (o mesmo
verbo no presente).
5 - Hífen
- Deixa de ser empregado quando o
prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com as consoantes
"s" ou "r". A consoante, então, passa a ser duplicada.
anti-religioso antirreligioso
- Caiu nos casos em que o prefixo
termina em vogal e o segundo elemento começa com outra.
auto-estrada autoestrada
Observação: ele se mantém quando
o prefixo termina com "r" e o segundo elemento começa com a mesma
letra, como em super-resistente.
1 comentários:
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