Prestando atenção à natureza
veremos como vivemos num manancial de riquezas, cheio de sentido e significado.
Observar e sentir a natureza é voltar ao seio de nossa existência, é nos
reintegrarmos, pois somos parte dela também. Há algum tempo, escrevi um artigo
sobre o outono e busquei demonstrar como cada estação do ano nos convida a
diferentes posturas e nos oferece ricos aprendizados. Com a chegada da
primavera, trago um novo convite de reflexão.
Assim como o outono, a primavera
é uma estação de transição. Ela representa o tempo da despedida das frias
paisagens e do preparo para entrar nos tons quentes do verão. As flores são a
marca principal da primavera. A natureza desabrocha e se enfeita para nos
mostrar que um novo ciclo se inaugura."A natureza desabrocha e se enfeita
para nos mostrar que um novo ciclo se inaugura."
Vai embora o gelo, o cinza, o
tempo de recolhimento e a natureza se revela multicolorida. É o tempo de
acasalamento, reprodução, fertilidade, beleza e abertura. A natureza resistiu
aos tempos secos e frios, resistiu à letargia e à hibernação, mostrando que a
vida permaneceu latente e agora se refaz.
Em nossas experiências podemos
passar por momentos hibernais, em que tudo ao nosso redor está frio e
aparentemente sem vida. Seja por situações de perdas, decepções ou pelo simples
desaquecimento da roda da vida, momentos de pausa que chegam e se instalam.
Nesses períodos algo de muito belo pode acontecer, se optamos por resguardar
nossos dons preciosos, sem perdermos as esperanças. Vamos concentrando nossa
energia, até que um dia uma nova brisa pode soprar e anunciar que o gelo vai
derreter e a grama verde que havia por baixo dele irá se revelar.
ABRA ESPAÇO PARA QUE O NOVO BROTE
A nova estação chega assim, com
promessa de inteireza, de luz, de brilho, de aromas renovados, de cantos de
pássaros namorando no alto das árvores, de vento levando pólen para fertilizar
os campos, de borboletas voando ligeiras com tantas flores para pousar. No
tempo da alma, a primavera se assemelha ao momento de lançar nossas ideias, de
deixar o ar de novos tempos ventilar nossas mentes e corações, de abrir espaço
para que o novo brote. Abrir as janelas da alma, para que o aroma embolorado do
inverno se dissipe e o perfume das flores faça morada em nós. É a temporada de
nos abrirmos, de acreditarmos em novas possibilidades, de nos encantarmos com a
beleza dos pequenos detalhes que passaram batidos nos dias cinza.
Mas para viver a intensidade
dessa temporada é necessário exercitar a entrega. É preciso deixar ir o
inverno, acreditar que outras experiências são possíveis. Acontece que muita
gente ao passar por invernos rigorosos da alma, se esconde por longos períodos
em suas tocas, acreditando que não pode mais sair ou, caso contrário, será
consumidos por uma nevasca. Se aguçarmos nossos sentidos, no entanto, podemos
ouvir o canto dos pássaros lá fora e ver que raios tímidos de sol entram pelas
frestas. É preciso entrega, é preciso acreditar, é preciso lançar nossos pólens
no ar. Pense e se responda: O que está impedindo que você viva a estação da
primavera da alma?
A primavera convida: abra-se,
permita-se, aproveite as oportunidades dessa brisa nova, relacione-se, sinta a
beleza que há lá fora, deixe seu perfume único exalar de dentro para fora, não
tema as abelhas, deixe que elas a toquem levemente e polinizem a vida!
Pense naqueles projetos
guardados, nas habilidades contidas e deixe que tudo isso desabroche.
"Pense naqueles projetos guardados, nas habilidades contidas e deixe que
tudo isso desabroche.”
Lembra-se daqueles hábitos
ranzinzas? Vá se despedindo deles, à medida que lança atenção para outros
aspectos da vida ou lança um olhar diferente para os mesmos aspectos. A
primavera te convida a renovar, abrir, sentir, florir!
Se vai demorar muito ou pouco
tempo para você vivenciar a plenitude dessa estação, ninguém tem a resposta
pronta. Mas o jardineiro com certeza está dentro de você, à espera que o deixe
agir para enfeitar o jardim, trazendo a nova vida para seu redor.
JULIANA
GARCIA
Master
Coach, psicodramatista, palestrante, facilitadora de grupos e escritora.
Coordena em seu consultório atividades voltadas para autoconhecimento,
bem-estar e desenvolvimento pessoal.
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