Ao descobrir esta doença em 1906,
Dr. Alois Alzheimer descreveu acertadamente os três principais sinais:
problemas sérios com a memória, alterações importantes de comportamento e a
perda da independência e autonomia. Mas sequer imaginou o alcance das
proporções que a doença teria na virada do milênio.
A doença de Alzheimer já é
considerada a grande epidemia do século XXI. Mais, uma pandemia de alcance
mundial, sentida seriamente nos países mais ricos e avançando celeremente para
os países menos desenvolvidos.
O que está dando impulso a essa
tão temida enfermidade é justamente uma grande conquista da humanidade: o
envelhecimento populacional. A expectativa de vida está aumentando a cada
década e o Brasil é considerado um dos países mais envelhecidos do mundo. Temos
21 milhões de pessoas idosas, o que corresponde a 12% de toda a população.
As mulheres estão chegando
facilmente aos 80 anos, enquanto os homens penam para passar dos 70 anos. E o
Alzheimer? Raro antes de 60 anos e incomum antes dos 70 anos, somente após os
80 anos é que aparece com números realmente preocupantes: 30% dos idosos com
mais de 80 anos poderão ser acometidos por Alzheimer! Também está claro que a
grande maioria dos idosos com mais de 80 anos (pelo menos 70%) não sofrerão as
mazelas desta patologia.
É uma doença da família, pois
quem cuida da pessoa idosa com Alzheimer é a esposa, a filha, a neta, com o
auxílio de outros familiares.
É uma doença cara, com
medicamentos caros, requer profissionais de saúde capacitados, contratação de
cuidadoras de pessoas idosas ou institucionalização em casas de repouso. Em
nosso país, temos perto de 3,5 milhões de pessoas idosas com mais de 80 anos
(IBGE,2010). A equação é clara e cruel: mais de 1,2 milhões de pessoas idosas
com Alzheimer! Um lembrete: daqui a 20 anos teremos, no Brasil, perto de 9
milhões idosos com mais de 80 anos. E 30% de 9 milhões é....
O Brasil está carente de cuidados
com as pessoas idosas mais dependentes, temos muito pouco a oferecer em termos
de saúde e de assistência social. Não oferecemos nenhum auxílio, nenhum
programa social para as famílias que cuidam de seus idosos com Alzheimer. O que
era para ser um direito de todos e um dever da Nação, do estado e do município
(artigo 196 da Constituição Federal), é letra morta e esquecida na Carta Magna
e no Estatuto do Idoso.
21 DE SETEMBRO É O DIA MUNDIAL DE
ALZHEIMER. Dia para lembrar que todos nós também ficaremos idosos, sem
distinção de cor, sexo, situação econômica ou social.
A doença de Alzheimer também é
democrática, não faz distinção e todos estão no mesmo barco. Copiando uma
brincadeira comum em rodas de conversas e na internet, quando uma pessoa
esquece algo, diz “o alemão tá me pegando”.
FICA O ALERTA: CUIDADO, BRASIL,
"O ALEMÃO" VAI TE PEGAR!
Márcio
F. Borges – médico geriatra
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