sexta-feira, 7 de maio de 2010

O que devo à minha mãe

Contemplando uma criança que dorme, tranquila, no berço, descobrimos o quão frágil é o ser humano e o quanto deve a uma mulher chamada mãe.

Quem quer que olhe para o próprio umbigo há de recordar da estreita ligação para com sua mãe que, durante nove meses, o alimentou, agasalhou, abrigou e protegeu em seu ventre.

E as primeiras noções de vida todos as recebemos de nossa mãe. Foi ela quem nos apontou o jardim e nos fez descobrir a borboleta colorida, a flor e o espinho, a chuva e o sol, a beleza do arco-íris.

Enquanto nós seguíamos as formigas do jardim, no seu ir e vir de carregadeiras incansáveis, foi ela quem nos falou da persistência e do trabalho.

Enquanto nos apontava a aranha, tecendo a sua teia, após o vento forte a ter destruído mais de uma vez, foi nossa mãe quem nos falou da paciência e dos milagres que ela produz.

E quando, nas primeiras brincadeiras, alguém nos derrubava, era sempre ela quem nos lecionava o perdão.

Quando começamos a perceber as diferenças entre crianças e adultos, velhos e moços, foi nossa mãe quem nos segredou aos ouvidos os valores do respeito e da consideração.

Na infância ela consertou nossos brinquedos, costurou a roupa nova para a boneca que havia sido esquecida na chuva.

Na adolescência, mais de uma vez consertou-nos o coração despedaçado pelos primeiros pequenos reveses no namoro.

Nosso primeiro sorriso foi a imitação do seu e foi ela quem nos ensinou a utilizá-lo para quebrar o gelo, ou para iniciar um pedido de desculpas.

Enquanto pequenos, ela nos fez sempre sentir protegidos e amados. Quando a curiosidade nos fez estender o dedo em direção ao besouro e ele grudou ali, foi para ela que corremos, em busca do socorro.

Quando o cãozinho pulou e nos fez cair, lambendo-nos o rosto, em manifestação de carinho, apavorando-nos, foi ela quem nos tomou nos braços, sossegou e depois nos ensinou que, por vezes, as criaturas não sabem expressar muito bem seu afeto e que as devemos ensinar.

Foi ela quem nos desvendou o segredo das cores, dos números e das letras, mesmo antes de adentrarmos os bancos escolares. E tudo de maneira informal, como uma doce brincadeira que nos permitia aprender, sem cansar.

Incentivando-nos à pesquisa, quantas vezes ela nos permitiu incursões de aventura em seu armário e suas gavetas, deixando-nos descobrir tesouros maravilhosos, entre bijuterias, colares, anéis, lenços e tantas outras coisas miúdas, que eram todo nosso encantamento.

Seus livros foram os primeiros que nos enriqueceram o intelecto. Livros usados, marcados a caneta, lápis ou pedacinhos de papel. Livros cheios de anotações que nos ensinaram como se devia ler, anotando, perguntando, pesquisando.

As músicas de sua predileção foram as que nos embalaram a infância, junto com as canções da sua voz que nos acalmavam nas noites de chuva forte, raios e trovões.

E, mais do que tudo, porque desde o primeiro instante detectou que somos um Espírito imortal, plantou com imenso carinho a lição do amor em nós.

Seu intuito era que o que quer que nos tornássemos a serviço do mundo, soubéssemos que, acima de tudo, onde quer que estejamos, o que quer que façamos, o ser a quem devemos sempre servir é nosso irmão em humanidade.

Redação do Momento Espírita.

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