A revolução tecnológica, que avança de forma cada vez mais surpreendente, oferece tantas vantagens de comunicação e de informação que acaba por proporcionar à criança uma visão de mundo globalizada, opções de prazer e de lazer muito mais rápidas, formas de relacionamento muito mais dinâmicas, cultura e informação muito mais fáceis.
É evidente que a carga de
informação que ela pode receber diariamente nem sempre contribuirá para a sua
formação e sabedoria, pois sua capacidade de aquisição, retenção e
generalização do conhecimento não se modificou com o crescimento da tecnologia.
Ao contrário do que acontece no
campo das ciências experimentais, no âmbito da educação não há possibilidade de
semelhante acúmulo de conhecimento, pois a capacidade do homem de aprender
começa sempre do básico e, portanto, cada pessoa e cada geração deverá aprender
e reaprender pessoalmente os conteúdos das diversas ciências por meio do
processo educacional.
Igualmente no campo da moral, os
valores do passado que nos chegam pela tradição cultural não podem ser
simplesmente herdados geneticamente, mas têm de ser assumidos e renovados
através de uma opção livre e pessoal, o que com frequência exige um esforço
redobrado.
Outro aspecto que merece destaque neste início de século são as mudanças no âmbito familiar. Diversos motivos sociais, econômicos e filosóficos foram pressionando os responsáveis pela educação a que se afastassem paulatinamente de seus deveres formativos e, muitas vezes, a que delegassem essa tarefa a outras entidades.
Infelizmente, essa transferência
da responsabilidade para terceiros não costuma ser muito eficiente, pelo menos
em matéria de aprendizado ético. Dificilmente uma criança desenvolve uma
virtude e acredita num valor moral que aprendeu na escola, por exemplo, quando
essa formação não ecoa habitualmente na própria família.
Nesse momento, os fundamentos
éticos costumam ser abalados, e surgem incertezas e confusões no exercício da
liberdade, que trazem sempre transtornos físicos, psíquicos e morais.
Sou da opinião de que o resultado
somente dessas duas mudanças mais profundas – tecnologia e família –, sem
entrar em outras que poderiam ser também contempladas e relacionadas, como as
revoluções cultural, científica e religiosa das últimas décadas, podem estar
produzindo profundas mudanças afetivas e comportamentais nas novas gerações.
Supõe-se que os inputs sensitivos que uma criança recebe no mundo de hoje são mais intensos e frequentes que outrora no passado. Se isto se comprova, parece lógico que ela precisa de muito mais cuidados e atenções do que antigamente. Ora, a criança sempre foi dependente de um adulto para orientar sua afetividade desenfreada, já que esta não goza de racionalidade.
Assim, seria de se esperar que,
agora, ela necessitasse de muito mais apoio da família. Entretanto, como vimos
anteriormente, essa relação, ao invés de ter crescido de forma proporcional,
parece que caminhou no sentido inverso: quanto mais inputs sensitivos foram
sendo provocados na afetividade da criança, menos a orientação familiar se fez
presente.
Na realidade, o que se tem evidenciado em tantos estudos, como o de Collins e outros (2004), publicado pela Academia Americana de Pediatria, é que a omissão familiar tem sido substituída pela (des)orientação dos meios de comunicação.
Na medida em que os modelos
apresentados na TV ou na internet, em ambientes de entretenimento como novelas,
seriados e filmes, e até mesmo na publicidade, são de consumismo, infidelidade,
sexo fácil e promiscuidade, a criança e o adolescente foram associando
felicidade à conduta errada apresentada, transformando aquela postura antiética
em estímulo a imitar.
Uma vez assimilados aqueles modelos como referências, os jovens passam a experimentar socialmente a conduta ditada pela TV.
Uma vez assimilados aqueles modelos como referências, os jovens passam a experimentar socialmente a conduta ditada pela TV.
Diante desta realidade que vai
crescendo de forma exponencial, vale indagar se estes novos comportamentos
apresentados pelos jovens estarão afetando o desenvolvimento correto da sua
afetividade. Será que não há alguma relação entre essa exagerada carga
sensitiva que os jovens estão recebendo diariamente e os desajustes psíquicos
cada vez mais comuns entre eles: depressão, solidão, timidez, diversas
síndromes, insegurança, imaturidade, complexos?
Numa sociedade que dispõe de um
sistema de valores – coerente e consistente –, a saúde física e mental de seus
cidadãos está significativamente bem mais protegida, porque se tem a sabedoria
do bem e do mal. Por outro lado, se o que reina é a diluição dos valores ou sua
tergiversação, como vemos hoje, é possível que essa desordem moral cause
desordens de outros âmbitos, como doenças mentais de forma cada vez mais
precoce.
Nessa mesma direção estão indo os
recentes estudos da psicologia positiva. Os médicos estão descobrindo que, mais
do que ficar curando doenças dos velhos que se manifestam nos jovens, é melhor
potencializar o aprendizado das virtudes éticas como forma de prevenir algumas
enfermidades e inclusive retardar a morte nas pessoas mais velhas.
As investigações dos últimos 10
anos asseguram que os benefícios psicológicos e de saúde física são muito
maiores numa vida cheia de sentido e com finalidades transcendentes, do que a
que deriva de uma felicidade meramente material e voltada para si.
Concluo, portanto, que os pais
deveriam estar não só preocupados com a proteção física de seus filhos, mas
tentar enxergar novos âmbitos nesses cuidados, que muitas vezes quando se
descuidam são muito mais dolorosos.
http://malheirodesagres.blogspot.com/2011/10/educacao-e-saude-mental.html
1 comentários:
como sempre um prazer vir neste cantinho. Bom dia amiga e que teu sábado seja em efetivo com muitos sorrisos. Venho hoje te convidar para as brincadeiras BLOGUEIRO OCULTO e o MAGIA DO NATAL que estou lançando no salão azul da Ilha, o convite e o link se encontram lá, ficaria muito feliz com tua participação. Beijos no coração!
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