Esse texto de Lia Luft foi
publicado na Revista Veja
– Edição 2107 – 8 de abril de 2009, mas vale muito a pena lê-lo agora.
A crise
que estamos esquecendo
Lya Luft
"Todos os indivíduos, não
importa a conta bancária, profissão ou cor dos olhos, podem reverter esta outra
crise: a do desrespeito geral que provoca violência física ou grosseria verbal
em casa, no trabalho, no trânsito"
O tema do momento é a crise
financeira global. Eu aqui falo de outra, que atinge a todos nós, mas
especialmente jovens e crianças: a violência contra professores e a grosseria
no convívio em casa. Duas pontas da nossa sociedade se unem para produzir isso:
falta de autoridade amorosa dos pais (e professores) e péssimo exemplo de
autoridades e figuras públicas.
Pais não sabem como resolver a
má-criação dos pequenos e a insolência dos maiores. Crianças xingam os adultos,
chutam a babá, a psicóloga, a pediatra. Adolescentes chegam de tromba junto do
carro em que os aguardam pai ou mãe: entram sem olhar aquele que nem vira o
rosto para eles.
Cumprimento, sorriso, beijo? Nem
pensar. Como será esse convívio na intimidade? Como funciona a comunicação
entre pais e filhos? Nunca será idílica, isso é normal: crescer é também
contestar. Mas poderíamos mudar as regras desse jogo: junto com afeto, deveriam
vir regras, punições e recompensas. Que tal um pouco de carinho e respeito, de
parte a parte?
Para serem respeitados, pai e mãe
devem impor alguma autoridade, fundamento da segurança dos filhos neste mundo
difícil, marcando seus futuros relacionamentos pessoais e profissionais. Mal-amados,
mal-ensinados, jovens abrem caminho às cotoveladas e aos pontapés.
Mal pagos e pouco valorizados,
professores se encolhem, permitindo abusos inimagináveis alguns anos atrás. Uma
adolescente empurra a professora, que bate a cabeça na parede e sofre uma
concussão. Um menininho chama a professora de "vadia", em aula.
Professores levam xingações de pais e alunos, além de agressões físicas,
cuspidas, facadas, empurrões.
Cresce o número de mestres que
desistem da profissão: pudera. Em escolas e universidades, estudantes falam
alto, usam o celular, entram e saem da sala enquanto alguém trabalha para o bem
desses que o tratam como um funcionário subalterno.
Onde aprenderam isso, se não, em
primeira instância, em casa? O que aconteceu conosco? Que trogloditas somos – e
produzimos –, que maltrapilhos emocionais estamos nos tornando, como preparamos
a nova geração para a vida real, que não é benevolente nem dobra sua espinha
aos nossos gritos? Obviamente não é assim por toda parte, nem os pais e mestres
são responsáveis por tudo isso, mas é urgente parar para pensar.
Na outra ponta, temos o
espetáculo deprimente dos escândalos públicos e da impunidade reinante. Um
Senado que não tem lugar para seus milhares de funcionários usarem computador
ao mesmo tempo, e nem sabia quantos diretores tinha: 180 ou trinta?
Autoridades que incitam ao
preconceito racial e ao ódio de classes? Governos bons são caluniados, os
piores são prestigiados. Não cedemos ao adversário nem o bem que ele faz: que
importa o bem, se queremos o poder?
Guerra civil nas ruas, escolas e
hospitais precários, instituições moralmente falidas, famílias desorientadas,
moradias sub-humanas, prisões onde não criaríamos porcos.
Que profunda e triste impressão,
sobretudo nos mais simples e desinformados e naqueles que ainda estão em
formação. Jovens e adultos reagem a isso com agressividade ou alienação em
todos os níveis de relacionamento. O tema "violência em casa e na
escola" começa a ser tratado em congressos, seminários, entre psicólogos e
educadores. Não vi ainda ações eficazes.
Sem moralismo (diferente de
moralidade) nem discursos pomposos ou populistas, pode-se mudar uma situação
que se alastra – ou vamos adoecer disso que nos enoja. Quase todos os países
foram responsáveis pela gravíssima crise financeira mundial.
Todos os indivíduos, não importa
a conta bancária, profissão ou cor dos olhos, podem reverter esta outra crise:
a do desrespeito geral que provoca violência física ou grosseria verbal em
casa, no trabalho, no trânsito. Cada um de nós pode escolher entre ignorar e
transformar. Melhor promover a sério e urgentemente uma nova moralidade, ou
fingimos nada ver, e nos abancamos em definitivo na pocilga.
Mais de dois anos se passaram e o texto
continua atual. O que mudou no comportamento de nossas crianças, adolescentes e
jovens??? Como as famílias tem se comportado com a educação dos filhos??? E os
escândalos públicos, estão sendo investigados e os culpados punidos??
O Blog Palavras de Menina
comemora 5 Mil Vistas.
Parabéns Nanda pela Conquista!
Te ofereço um Mimo
com muito carinho!
Beijos!
com muito carinho!
Beijos!
1 comentários:
Oi amiga linda
amei o mimo e
levei e já postei
com carinho
lindo domingo
obrigada
bjs
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