domingo, 6 de fevereiro de 2011

CARTA DE UM PAI AO FILHO


Tomei conhecimento desse texto há muito tempo,
mas agora ele não é só um texto para EU refleti.
Ele é a minha realidade e poderia ter sido
escrito por uma Mãe.
Pela Minha MÃE...

Amado Filho,

O dia em que este velho já não for o mesmo, tenha paciência e me compreenda.

Quando eu derramar comida sobre minha camisa e esquecer como amarrar meus sapatos, tenha paciência comigo e se lembre das horas que passei te ensinando a fazer as mesmas coisas.

Se quando conversa comigo, repito e repito as mesmas palavras e sabes de sobra como termina, não me interrompas e me escute. Quando era pequeno, para que dormisse, tive que contar-lhe milhares de vezes a mesma estória até que fechasse os olhinhos.

Quando estivermos reunidos e, sem querer, fizer minhas necessidades, não fique com vergonha e compreenda que não tenho a culpo disto, pois já não as posso controlar. Pensa quantas vezes quando menino te ajudei e estive pacientemente a seu lado esperando que terminasse o que estava fazendo.

Não me reproves porque não queira tomar banho; não me chames a atenção por isto. Lembre-se dos momentos que te persegui e os mil pretextos que tive que inventar para tornar mais agradável o seu banho.

Quando me vejas inútil e ignorante na frente de todas as coisas tecnológicas que já não poderei entender, te suplico que me dê todo o tempo que seja necessário para não me machucar com o seu sorriso sarcástico.
Lembre-se que fui eu quem te ensinou tantas coisas.
Comer, se vestir e como enfrentar a vida tão bem com o faz, são produto de meu esforço e perseverança.

Quando em algum momento, enquanto conversamos, eu chegue a me esquecer do que estávamos falando, me dê todo o tempo que seja necessário até que eu me lembre, e se não posso fazê-lo não fique impaciente; talvez não fosse importante o que falava e a única coisa que queria era estar contigo e que me escutasse nesse momento.

Se alguma vez já não quero comer, não insistas. Sei quando posso e quando não devo.

Também compreenda que, com o tempo, já não tenho dentes para morder, nem gosto para sentir.

Quando minhas pernas falharem por estarem cansadas para andar, dá-me sua mão terna para me apoiar, como eu o fiz quando começou a caminhar com suas fracas perninhas.

Por último, quando algum dia me ouvir dizer que já não quero viver e só quero morrer, não te enfades. Algum dia entenderás que isto não tem a ver com seu carinho ou o quanto te amei.

Trate de compreender que já não vivo, senão que sobrevivo, e isto não é viver.

Sempre quis o melhor para você e preparei os caminhos que deve percorrer.

Então pense que com este passo que me adianto a dar, estarei construindo para você outra rota em outro tempo, porém sempre contigo.

Não se sinta triste, enojado ou impotente por me ver assim. Dá-me seu coração, compreenda-me e me apóie como o fiz quando começaste a viver.

Da mesma maneira que te acompanhei em seu caminho, te peço que me acompanhe para terminar o meu.

Dê-me amor e paciência, que te devolverei gratidão e sorrisos com o imenso amor que tenho por você.

Atenciosamente,

Teu Velho
Autor: Levi da Silva Barreto

Esse texto é muito verdadeiro, melhor é muito real. Uma realidade infinitamente dolorosa e que tenho acompanhado no dia a dia. Cada dia ela se torna mais cruel, mais penosa, mais "maldita"...
Essa inversão de papéis é muito difícil! Como enxergar a pessoa que te cuidou e te transformou em "Gente", que durante toda a vida te protegeu e te abriu os olhos para as mazelas da vida, agora como um Filho, um filho pequeno, um bebê que você tem que proteger cuidar e ao invés de ensinar, vê-lo desaprender um pouco todo dia, até que não saiba fazer mais nada. Nem mesmo abrir a boca para se alimentar...
Te amo minha Mãezinha e apesar de tudo tenho certeza de que você sabe e sente isso!!
Com a permissão de Deus ficarei contigo até o fim do teu caminho...

1 comentários:

disse...

exactamente amiga Telva este lindo texto poderia ser escrito por uma mãe, a tua, tu, eu... nós.. elas. Já conhecia esta mensagem, mas sempre ao lê-la é como se fosse a primeira vez, e merece uma profunda reflexão. Um dia de mãe para tu minha querida, ou seja, afagos, mimos e cafunés. Ah! tem nova brincadeira na Ilha, quer participar? beijos n'alma!

 
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