sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

MARAVILHOSOS TIRANOS

Nunca tivemos crianças tão maravilhosamente tiranas quanto hoje

Em uma de minhas palestras, uma senhora me perguntou o que fazer com uma criança que não a obedecia, fazia somente o queria, bagunçava a casa e a colocava louca, desvairada.

Então, lhe perguntei quantos anos a criança tinha. "Dois", respondeu-me rapidamente e, em seguida, sorriu.


Ela, uma mulher bem apessoada, culta e dinâmica, deve ter caído em si sobre o absurdo da situação que estava vivendo. Para não privatizar, perguntei ao público: "quem já passou por uma situação parecida com essa?". Muitas mulheres se manifestaram.


Narrei então, esta cena: Estava eu numa fila para pagar o estacionamento num shopping e. na minha frente, uma jovem segurava no colo uma criança que vazava pelos seus braços, em direção ao piso.

O "vazava" significa: um braço, uma perna ou a cabeça sempre escapava do abraço de contenção. Era a cena de uma mãe que prendia no colo uma criança queria ir ao solo.


Estava no guichê somente uma pessoa que não conseguia vencer o grande afluxo, e a fila ia aumentando rapidamente. De repente, a criança, que devia ter uns dois ou três anos conseguiu escapar e começou a correr, dando gargalhadas, em direção à rua.

A mãe entrou em pânico. Queria correr atrás, mas não podia perder o lugar na fila. Pediu que eu lhe guardasse o lugar. Concordei na hora, pois estava interessadíssimo em saber como iria acabar essa situação.


A mãe, a grandes passos, corria falando forte com a filha: "Pára! Pára! Você vai ver quando eu lhe pegar!" E a menina olhava para trás e corria para frente com aquela corrida de criança, divertindo-se.

A mãe demonstrava estar furiosa, como se fosse pegá-la aos sopapos.


Perguntei ao público o que cada mãe faria naquela situação. Ouvi desde apertões, beliscões, castigos, tapão e conselhos até pô-la sentada num banquinho em casa para refletir. E todos queriam saber o que aquela mãe fez...


Continuei: Quando ela alcançou a criança, pegou-a pela cintura e a levantou, fazendo-lhe festa, dizendo: Eu te peguei! te peguei!, como se estivesse brincando de pega-pega.


Brincando de desobedecer


Cheguei à conclusão que essa mãe não cumpriu o que prometeu. Ela mesma se desautorizou perante a criança. Não foi a criança que a desobedeceu.

A própria mãe não obedeceu às suas ameaças. A criança estava simplesmente se divertindo, brincando de pega-pega com ela. Porque ela sabia que sua mãe faria aquela festa que fez quando a pegasse. Não deve ter sido a primeira vez que isso aconteceu.


Quem dá ordens tem que exigir que se cumpra e não transformar a ordem em uma brincadeira. Um policial se lança ferozmente a uma perseguição ao ladrão. Quando o alcança, diz que estava brincando de pega-pega? Quando é que o ladrão vai respeitar esse policial? Com certeza, nunca!


Falei para aquela senhora da pergunta inicial: "Com certeza a sua filha de dois anos já entendeu que a fala, ameaça, bronca e tudo o que vem da mãe não deve ser respeitado, pois tudo vira brincadeira, vira zona total e nada acontece a ela".


As crianças de hoje são mais espertas que de épocas passadas devido à quantidade e qualidade de estímulos que recebem.

Não deixam de perceber que suas mães passam duas mensagens contraditórias ao mesmo tempo - estão lhes dando bronca, mas gostariam mesmo é de ficar brincando com elas - ou mesmo que qualquer birra já faz com que desista da bronca.

Assim, as maravilhosas crianças acabam sendo transformadas em tiranas...


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