Cobrir seu pequeno de carinhos é
tão importante quanto cuidar da saúde dele. Pesquisas recentes confirmam o
valor fundamental do vínculo afetivo com consequências para toda a vida
Você já abraçou, beijou e brincou
com o seu bebê hoje? Acredite: além de prazerosas, essas atitudes contam muito
no desenvolvimento da criança na primeira infância - de 0 a 3 anos. Os
estímulos de carinho devem começar antes mesmo de o bebê nascer, mas muitas
mães não sabem disso. A maioria acha que cuidar da saúde, nessa fase, é só o
que importa - esquecendo o lado emocional.
Ao menos foi o que constatou uma
ampla pesquisa sobre a percepção do desenvolvimento na primeira infância,
divulgada recentemente.
O estudo, realizado pelo Ibope
(Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) em parceria com a
Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (SP) ouviu mais de 2 mil pessoas em 18
capitais brasileiras.
O resultado: para 51% dos pais, a
prioridade é levar o pequeno ao pediatra regularmente e dar as vacinas
recomendadas. Na sequência, 45% dos entrevistados relataram a importância de
amamentar o bebê, e 31% apontaram a necessidade de oferecer alimentação
adequada.
No entanto, é por meio das
brincadeiras, dos passeios e do diálogo que o bebê descobre o mundo e aprende.
"É o carinho dos pais que dá à criança o suporte necessário para encarar
essa imensidão de novidades com curiosidade, coragem e segurança", diz o
neuropediatra Saul Cypel, consultor da fundação envolvida na pesquisa, ou seja:
cuidar da saúde física e psicológica em conjunto é o que garante que o pequeno
se desenvolva integralmente e exercite todo o seu potencial.
Ele precisa de beijinhos
Ao serem questionados pelos
pesquisadores, apenas 19% dos pais disseram que brincar, passear e conversar
com o filho está entre as suas prioridades - e só 12% apontaram que, para
crescer saudável, a criança precisa receber afeto.
Muitos deles, segundo o
neuropediatra, chegaram a dizer que não dedicavam esse tipo de atenção aos
filhos pequenos porque acreditam que eles só começam a entender e aprender
depois dos 6 meses. "Isso é um erro!", protesta Saul. "Ainda no
útero, por volta da 15ª semana de gestação, o aparelho auditivo do bebê já está
bem formado e ele pode ouvir sons e reconhecer a voz da mãe. Conversar e cantar
para ele nessa fase repercute positivamente na sua evolução", garante o
médico.
Depois do parto, com todos os
sentidos funcionando e em pleno desenvolvimento, a capacidade de absorver o que
há de novo fica ainda mais aguçada. E a presença da mãe, claro, age como um
bálsamo.
Toque mágico
Um estudo realizado pela
psicóloga americana Tiffany Field, fundadora do Touch Research Institute
(Instituto de Pesquisa do Toque), mostrou que os bebês que recebem toques,
massagens e gestos de carinho das mães nos primeiros quatros meses de vida são
mais sorridentes e choram menos. Pesquisa da Duke University (EUA) reforça essa
teoria.
O estudo concluiu que a
construção de um vínculo afetivo intenso com a mãe diminui os níveis de stress,
ansiedade e hostilidade da criança, tornando-a mais preparada para lidar com as
pressões do mundo adulto. "Quanto mais o filho conta com a presença e o
carinho da mãe, mais ele ganha estabilidade emocional", diz a psicóloga
Dina Azrak (SP), autora do livro A Linguagem da Empatia - Métodos Simples e
Eficazes para Lidar Com Seu Filho (Ed. Summus).
Perceber que recebe a atenção dos
pais durante os cuidados básicos, como banho, alimentação e trocas, já
transmite ao bebê a sensação de que ele é amado. "Um bom exemplo disso é a
amamentação. A mãe que aproveita bem esse elo não apenas nutre a criança como
passa segurança para ela", diz Saul.
O primeiro passo para estabelecer
um vínculo emocional forte é aproveitar esses momentos. Ainda que seu filho
seja pequeno, conte historinhas, cante, sempre olhando nos olhos dele! Essa
comunicação vai ajudá-lo no futuro a estabelecer o significado das coisas e
desenvolver o vocabulário. Participe também das brincadeiras, estimulando a
criatividade dele. "Ao brincar, a criança desenvolve as habilidades
físicas, o raciocínio, as emoções, a socialização. É uma oportunidade de
despertá-la para muitos aspectos", explica a educadora Adriana Friedmann
(SP), autora do livro A Arte de Brincar (Ed. Vozes). Para quem diz que não tem
tempo para tanto, a expert dá um recado: "Melhor pouco tempo juntos, mas
vivido intensamente, do que muito tempo sem qualidade. Quando estiver com o seu
filho, esteja por inteiro", recomenda Adriana.
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