terça-feira, 26 de março de 2013

O poder do afeto no desenvolvimento da criança



Cobrir seu pequeno de carinhos é tão importante quanto cuidar da saúde dele. Pesquisas recentes confirmam o valor fundamental do vínculo afetivo com consequências para toda a vida

Você já abraçou, beijou e brincou com o seu bebê hoje? Acredite: além de prazerosas, essas atitudes contam muito no desenvolvimento da criança na primeira infância - de 0 a 3 anos. Os estímulos de carinho devem começar antes mesmo de o bebê nascer, mas muitas mães não sabem disso. A maioria acha que cuidar da saúde, nessa fase, é só o que importa - esquecendo o lado emocional.

Ao menos foi o que constatou uma ampla pesquisa sobre a percepção do desenvolvimento na primeira infância, divulgada recentemente.

O estudo, realizado pelo Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) em parceria com a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (SP) ouviu mais de 2 mil pessoas em 18 capitais brasileiras.

O resultado: para 51% dos pais, a prioridade é levar o pequeno ao pediatra regularmente e dar as vacinas recomendadas. Na sequência, 45% dos entrevistados relataram a importância de amamentar o bebê, e 31% apontaram a necessidade de oferecer alimentação adequada.

No entanto, é por meio das brincadeiras, dos passeios e do diálogo que o bebê descobre o mundo e aprende. "É o carinho dos pais que dá à criança o suporte necessário para encarar essa imensidão de novidades com curiosidade, coragem e segurança", diz o neuropediatra Saul Cypel, consultor da fundação envolvida na pesquisa, ou seja: cuidar da saúde física e psicológica em conjunto é o que garante que o pequeno se desenvolva integralmente e exercite todo o seu potencial.

Ele precisa de beijinhos

Ao serem questionados pelos pesquisadores, apenas 19% dos pais disseram que brincar, passear e conversar com o filho está entre as suas prioridades - e só 12% apontaram que, para crescer saudável, a criança precisa receber afeto.

Muitos deles, segundo o neuropediatra, chegaram a dizer que não dedicavam esse tipo de atenção aos filhos pequenos porque acreditam que eles só começam a entender e aprender depois dos 6 meses. "Isso é um erro!", protesta Saul. "Ainda no útero, por volta da 15ª semana de gestação, o aparelho auditivo do bebê já está bem formado e ele pode ouvir sons e reconhecer a voz da mãe. Conversar e cantar para ele nessa fase repercute positivamente na sua evolução", garante o médico.

Depois do parto, com todos os sentidos funcionando e em pleno desenvolvimento, a capacidade de absorver o que há de novo fica ainda mais aguçada. E a presença da mãe, claro, age como um bálsamo.

Toque mágico

Um estudo realizado pela psicóloga americana Tiffany Field, fundadora do Touch Research Institute (Instituto de Pesquisa do Toque), mostrou que os bebês que recebem toques, massagens e gestos de carinho das mães nos primeiros quatros meses de vida são mais sorridentes e choram menos. Pesquisa da Duke University (EUA) reforça essa teoria.

O estudo concluiu que a construção de um vínculo afetivo intenso com a mãe diminui os níveis de stress, ansiedade e hostilidade da criança, tornando-a mais preparada para lidar com as pressões do mundo adulto. "Quanto mais o filho conta com a presença e o carinho da mãe, mais ele ganha estabilidade emocional", diz a psicóloga Dina Azrak (SP), autora do livro A Linguagem da Empatia - Métodos Simples e Eficazes para Lidar Com Seu Filho (Ed. Summus).

Perceber que recebe a atenção dos pais durante os cuidados básicos, como banho, alimentação e trocas, já transmite ao bebê a sensação de que ele é amado. "Um bom exemplo disso é a amamentação. A mãe que aproveita bem esse elo não apenas nutre a criança como passa segurança para ela", diz Saul.

O primeiro passo para estabelecer um vínculo emocional forte é aproveitar esses momentos. Ainda que seu filho seja pequeno, conte historinhas, cante, sempre olhando nos olhos dele! Essa comunicação vai ajudá-lo no futuro a estabelecer o significado das coisas e desenvolver o vocabulário. Participe também das brincadeiras, estimulando a criatividade dele. "Ao brincar, a criança desenvolve as habilidades físicas, o raciocínio, as emoções, a socialização. É uma oportunidade de despertá-la para muitos aspectos", explica a educadora Adriana Friedmann (SP), autora do livro A Arte de Brincar (Ed. Vozes). Para quem diz que não tem tempo para tanto, a expert dá um recado: "Melhor pouco tempo juntos, mas vivido intensamente, do que muito tempo sem qualidade. Quando estiver com o seu filho, esteja por inteiro", recomenda Adriana.



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