O professor de Comunicação na
USP, pesquisador das mudanças na educação presencial e a distância, José Manuel
Moran , trata em seu livro “A educação que desejamos: novos desafios e como
chegar lá” sobre “as profundas mudanças provocadas pelas redes digitais,
principalmente a internet, na educação presencial e a distância, em todos os
níveis de ensino.
Revela o panorama atual da
assimilação desses câmbios pelas escolas, professores e alunos e descreve as
etapas de apropriação das tecnologias pelas escolas, sem esquecer o papel que
professores e gestores terão que desempenhar nessa revolução”.
A sociedade caminha depressa para
uma onda de mudanças disruptivas, que pode ser vislumbrada em parte, no entanto
ainda reserva surpresas. Será que é possível estar preparado para elas? E como
toda grande mudança vários setores serão afetados, na educação, por exemplo,
teremos cada vez mais uma comunicação dinâmica e pluralista, complexa e
democrática, com acesso livre a quase todo tipo de informação, autonomia na
produção e compartilhamento de textos, criações artísticas, pesquisas
científicas, e uma interação multimídia que vem mudando o comportamento de
estudantes e professores.
Segundo Moran “será necessário
aprender a construir um percurso intelectual mais difícil, cheio de inúmeras
ramificações e opções; aprender a conviver com as diferenças de visões de
mundo, de valores, de grupos; a fazer escolhas mais provisórias; aprender a
comunicar-nos de forma mais abrangente, integrada, participativa, equilibrando
o individual e o social”.
A maneira de aprender está
mudando e vai continuar seu processo de transformação e adaptação porque os
seres humanos e suas necessidades mudaram, suas possibilidades se ampliaram.
Para quem quer aprender existirão cada vez mais caminhos, caminhos a serem
percorridos por si próprios, não existirão bulas ou mapas, apenas guias... Seja
com ou sem certificação, seja presencial ou à distância, seja um curso de
idioma ou uma graduação, todos que querem aprender podem começar suas jornadas
a partir de “guias”, fóruns, cursos que se complementam, personalizados e
flexíveis. Todavia não é mais o diploma que te define, mas sua jornada, o
processo desenvolvido ao longo do caminho, suas experiências únicas e sua
criatividade para solucionar problemas.
Moran reflete que para isso
“precisaremos de instituições sérias para ajudar-nos nos cursos de maior
duração, nos que certifiquem profissionalmente. Mas não precisaremos ir todo o
dia a uma sala de aula para aprender. Haverá formas muito ágeis,
diversificadas, flexíveis, adaptadas ao ritmo e necessidades de cada aluno para
aprender e ajudar a aprender”.
Em uma era onde a tecnologia
evolui muito mais rapidamente do que a cultura é preciso tomar cuidado com a
inércia. Entre o desejo e a ação existe uma distância que culturalmente sempre
deixou a humanidade confortável, com muito tempo para refletir em uma postura
mais contemplativa. Hoje o mundo exige respostas e soluções rápidas, força de
vontade para agir, coragem para arriscar, e a reflexão admite mais do que nunca
o trabalho coletivo, a equipe organizada, disposta, companheira, interessada, e
despojada da ambição puramente individualista.
“As tecnologias permitem mudanças
profundas já hoje que praticamente permanecem inexploradas pela inércia da
cultura tradicional, pelo medo, pelos valores consolidados. Por isso sempre
haverá um distanciamento entre as possibilidades e a realidade. O ser humano
avança com inúmeras contradições, muito mais devagar que os costumes, hábitos,
valores. Intelectualmente também avançamos muito mais do que nas práticas. Há
sempre um distanciamento grande entre o desejo e a ação”, nos diz Moran.
Algumas mudanças só podem
acontecer de dentro para fora.
Conheça o site de Moran, cliquei aqui.
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