Ir para a escola é um
acontecimento diferente, interessante e agradável para muitas crianças.
Entretanto, o início das aulas para algumas delas pode causar profunda
ansiedade, medo e, às vezes até pânico e recusa de ir à escola.
Ao ingressar ou voltar para a
escola às crianças afastam-se do ambiente familiar conhecido, que lhes é seguro
e se inserem em um ambiente novo, totalmente desconhecido.
Nesse momento, normalmente a
insegurança se instala, pois aparece o medo paralisante de ser abandonada na
escola, dos pais não voltarem para buscá-la.
Para resolver essa questão, em muita
escola existe um programa de adaptação que auxilia a criança a se adaptar e
enfrentar esse momento tão crítico.
Nesse programa, alguém da família
fica com a criança na escola por certo tempo, até que ela se sinta confortável
e mais segura.
Os pais devem estar atentos ainda
para os sintomas de estresse na criança frente a uma mudança de escola ou uma
mudança para um novo bairro.
No processo de adaptação a
criança pode apresentar uma queixa de dor de cabeça, dores de garganta ou dor
de estômago, em alguns casos até febre, pouco antes de ir para a escola, uma
forma de protesto, de recusa. Nesse caso, conseguem temporariamente ter seus
desejos atendidos, ou seja, ficam em casa até recuperarem a sua saúde.
As crianças durante o processo de
adaptação podem apresentar um comportamento inadequado, com os seguintes
sintomas:
· Sentem-se inseguras, choram muito e fazem
birras,
· Exibem comportamento apegado,
· Exibem excessiva preocupação e receio
sobre os pais,
· Têm dificuldade para dormir e comer,
· Costumam ter pesadelos,
· As emoções e os sentimentos vão aos
extremos, algumas vomitam, outras tem até diarreias.
· Ficam com medo do escuro.
Esses sintomas e comportamentos
são comuns entre as crianças que apresentam ansiedade no processo de separação.
Elas precisam de cuidados e atenção para que não desenvolvam graves problemas
educacionais ou sociais. Seus medos e ansiedade devem ser percebidos e
tratados.
Algumas ações que facilitam o
processo de adaptação:
· Deixe a criança levar algum
objeto de casa, algum brinquedo que goste. É uma maneira de a criança manter o
vínculo com sua casa e seus pertences.
· Não pergunte à criança se ela
quer ir à escola, ela não é capaz de decidir sozinha.
· Evite colocá-la na escola pela
primeira vez num momento de transformações, morte, nascimento de um irmão
etc...
· O período de adaptação varia
muito. As crianças mais tímidas e as com menos de três anos, podem precisar de mais
tempo do que outras.
. Não se desespere. Faça parte do
programa de adaptação, tenha paciência.
Mesmo após uma familiarização da
criança na escola, podem ocorrer retrocessos. Algumas vezes surgem
comportamentos regressivos, como chupar o dedo, roer as unhas, puxar o cabelo
ou fazer xixi na cama. Agressividade, choros frequentes e tristeza também podem
ser notados em alguns casos.
Os pais devem permanecer calmos,
confiantes e devem buscar constantemente informações com as educadoras, para
compreenderem como a criança está se adaptando na escola, quando do seu
afastamento depois do término do programa.
Isso tudo é normal, em questão de
semanas as crianças estão completamente adaptadas e muitas delas ficam muito,
mas muito felizes na escola.
A questão da adaptação não afeta
apenas os pequenos, muitas crianças e os adolescentes sofrem esse problema no
inicio de cada ano, pois precisam se adaptar às inúmeras mudanças escolares.
De ano para ano, muitas vezes há
mudanças de escola, de professores, de turma, de salas de aula, de classe, sem
falar nas mudanças dos métodos e muitas vezes das regras e procedimentos, as
constantes expectativas de desempenho, as dificuldades de aprendizado, etc.
De certa forma, a cada começo de
ano letivo as crianças e os adolescentes passam por um duro processo de
adaptação, envolvendo inclusive os seus pais.
Inúmeros estudos revelam que as
relações interpessoais influenciam na motivação das crianças no processo de
aprendizagem. Assim, uma adaptação saudável, o envolvimento, ou a qualidade das
relações da criança ou adolescente na nova turma, ou na nova escola com colegas
e professores, é um motivador poderoso para o seu sucesso escolar.
Os problemas de adaptação que
geram a solidão em muitas crianças, bem como, a insatisfação social influenciam
negativamente à sua plena realização escolar.
Dessa forma, os pais precisam
estar atentos ao desempenho social dos seus filhos nesse início de ano,
precisam apoiá-los nas relações recíprocas.
As crianças e adolescentes que
conquistam um ou mais amigos na sala de aula, se sentem apoiadas para lidar com
vários problemas do cotidiano escolar e não são solitárias.
Os amigos costumam motivar e
afetar a adaptação escolar de uma forma muito construtiva.
As crianças sentem profunda
necessidade de aprovação, de identificação. Nesse sentido, quando as crianças e
adolescentes sentem que de certa forma não são aprovados pelos seus pais
(muitas acreditam nisso, mesmo não sendo verdade) compensam com os amigos, e
por isso, fazem de tudo para agradá-los e participam de ações que os amigos
aprovam.
Assim, muitas vezes chega um
período em que se afastam de seus pais (que não os aprovam) e se dedicam quase
que exclusivamente aos amigos (que os aprovam).
Nesse processo, se sentem autovalorizados,
aprovados, suficientes, queridos e acolhidos.
As amizades podem afetar o
sucesso dos alunos na transição do ensino fundamental para o ensino médio. As
crianças e adolescentes que rapidamente se enturmam, que são acolhidos costumam
ter maior autoestima, menos problemas emocionais, e desenvolvem atitudes
capazes de lhes fazerem alcançar um nível mais elevado na escola, em comparação
com as crianças e adolescentes que têm dificuldades de se adaptarem e que se
isolam.
Você que é pai, mãe ou
responsável e está lendo esse artigo, fique atento ao processo de adaptação do
seu filho!
Se perceber que ele está com
problemas de adaptação e com dificuldades para ser aceito na “nova escola”, “na
nova turma” procure a ajuda da orientadora escolar para que ela possa ajudá-lo
a se enturmar para que possa se sentir aprovado, acolhido e assim, ter todas as
condições emocionais e psicológicas para desenvolver plenamente seu intelecto e
ter sucesso escolar!
(Texto
extraído da obra: Educar, uma lição de amor - Como criar filhos em um mundo sem
valores, Editora Gente, 2011).
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