Os professores e suas responsabilidades
É inerente a todas as profissões o compromisso, o engajamento, o comprometimento. Esta não é uma regra, mas assume-se que todas as pessoas devam tentar levá-la adiante, levando-se em conta que cada um de nós atue profissionalmente de forma ética, em benefício dos empreendimentos nos quais estamos envolvidos. Isto significa respeito tanto por quem nos contrata e remunera quanto pelas pessoas que atendemos e a quem direta ou indiretamente prestamos serviços.
Tal razão, tão simples e objetiva, deve nortear nossas ações em qualquer circunstância, exceto, é óbvio, naquelas em que há coação, coerção ou violência de qualquer natureza a forçar-nos no trabalho, na ação profissional.
Ao assumir compromissos profissionais e assinar contratos de trabalho, não apenas nos comprometemos com nossos chefes e patrões ou com nossos clientes, pacientes ou alunos, temos a partir de então um compromisso muito maior com cada um de nós mesmos. Nossos nomes passam a ser avaliados e percebidos no âmbito profissional e também pessoal a partir das ações que realizamos, da conduta que temos dos relacionamentos que fomentamos, dos resultados que somos capazes de obter...
Se não formos capazes de compreender isto, certamente muito mais do que aparentes prejuízos para empresas, hospitais, escolas ou qualquer outro tipo de empreendimento, assim como para clientes internos ou externos, causaremos danos irreversíveis para nossas próprias imagens...
No caso dos educadores, há certamente, como nas demais áreas de atuação profissional, direitos e deveres como parte do caminho que devemos trilhar. É justo e necessário que conheçamos e possamos utilizar de nossos direitos quando assim for necessário, nunca em demasia, jamais ultrapassando os limites éticos que sabemos presentes em nossa profissão.
É, por exemplo, o que deve ocorrer quanto às faltas eventuais que ao longo de nossa carreira podem ocorrer. Doenças, intervenções cirúrgicas, falecimentos e problemas familiares (com nossos cônjuges, filhos, pais, irmãos, avós...) ocorrem com todas as pessoas em alguns momentos de suas vidas e, por conta destas dificuldades, as fazem ausentes. Como compromisso ético, é de fundamental importância que nos ausentemos somente quando isto realmente acontecer, o que, infelizmente, não é o que de fato ocorre...
Utilizar-se de expedientes como atestados médicos que lhe autorizem a ficar longe do trabalho por períodos longos, sem que realmente a pessoa esteja doente, constitui ação vil, que prejudica (e muito) os alunos (atrasando sua formação), onera ainda mais o setor público (com gastos adicionais para eventuais substituições) ou que, ainda, coloca até mesmo em risco físico as crianças e adolescentes que dispensados mais cedo das aulas... É uma ação que tem, portanto, conseqüências sérias (não apenas as mencionadas, mas muitas outras poderiam ser citadas), muitas vezes desprezadas por quem a realiza...
Como parte do Código de Ética dos educadores, num primeiro parágrafo, poderíamos inserir o compromisso da Assiduidade e, também, da pontualidade. Ser o mais freqüente possível, faltar apenas quando realmente for muito necessário e chegar um pouco antes do início das atividades escolares é elemento basilar da ação dos educadores. E é tão elementar que nem consta como parte de qualquer contrato de trabalho que tenhamos que assinar, simplesmente se espera que as pessoas, dotadas de bom senso, assumam este compromisso.
Um segundo parágrafo deveria ressaltar que de tudo faremos para que se EFETIVE a APRENDIZAGEM, ou seja, que utilizaremos metodologias, recursos e, em especial, nossa inteligência e criatividade para que a educação realmente aconteça. Este compromisso pode pensar alguns de vocês, deveria ser o primeiro, com o que posso concordar, mas a questão da presença e da demonstração física do engajamento me pareceu tão importante no atual estado da educação pública brasileira que acabei colocando-a no parágrafo primeiro... Talvez este seja um equívoco a ser repensado e reparado posteriormente...
Indo um pouco além, e até mesmo para que os tópicos anteriores tenham sentido e validade, é preciso que os educadores se ATUALIZEM SEMPRE quanto aos seus SABERES e PRÁTICAS PEDAGÓGICAS, assim como no que se refere aos seus CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS (enquanto especialistas em história, geografia, letras, matemática, educação física, artes, inglês...), e também a ATUALIDADES. Creio que este poderia ser o parágrafo terceiro de nosso Código de Ética do Educador.
Outro ponto importantíssimo, que neste breve texto trago como essencial para a ética profissional dos professores refere-se à idéia de que o trabalho que realizamos é de suma importância social e que, como tal, realiza-se dentro do contexto de equipes, que contam com vários trabalhadores... Nesse aspecto, compreender-se como parte de EQUIPES DE TRABALHO, colaborando para que estes times tenham o melhor desempenho possível, sem perder de vista suas individualidades, mas entendendo-as como parte que enriquece e torna ainda melhor o todo da ação empreendida na escola seria nosso parágrafo quatro.
Fecharia este primeiro ensaio/reflexão sobre este assunto de tão grande dimensão e repercussão no quinto parágrafo deste Código pensando nossa ação profissional quanto à repercussão e relações humanas. Os educadores são os artífices de um amanhã possível, de realizações grandiosas, que podem permitir o surgimento de um mundo mais justo. Já disse anteriormente e repito agora, professores podem salvar vidas...
E isto não se refere apenas ao nobre ato de trazer a tona, apresentar e discutir saberes com nossos alunos - refere-se também, e principalmente - ao fomento de relações humanas em que prevaleça a solidariedade, a ética, a cidadania, a honestidade, o amor...
Portanto, como quinto e último parágrafo a ser proposto inicialmente para um Código de Ética do Educador penso em algo como propiciar o diálogo, a compreensão e a troca no âmbito escolar e fomentar entre os alunos a curiosidade, o amor pelo conhecimento e a relação cordial, porém sempre aberta ao debate e a tolerância quanto a diferentes posições e idéias. VALORIZAR O SER HUMANO, talvez pudesse este ser o mote deste parágrafo... Penso que nesta última proposição esteja sendo poético e/ou filosófico demais, mas num mundo como o nosso, em que tudo é racionalidade e resultado, se não nos dermos o direito de sonhar, o que há de acontecer conosco...
Obs.: Acredito que outros “parágrafos” poderiam ser incluídos, para que tivéssemos um Código de Ética com 10, talvez 12 pontos de compromisso e engajamento enquanto profissionais da educação... Fica aberto o espaço para a reflexão e novas idéias para que voltemos ao assunto em outro texto posteriormente!
João Luís de Almeida Machado Editor do Portal Planeta Educação; Doutor em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva).
Tal razão, tão simples e objetiva, deve nortear nossas ações em qualquer circunstância, exceto, é óbvio, naquelas em que há coação, coerção ou violência de qualquer natureza a forçar-nos no trabalho, na ação profissional.
Ao assumir compromissos profissionais e assinar contratos de trabalho, não apenas nos comprometemos com nossos chefes e patrões ou com nossos clientes, pacientes ou alunos, temos a partir de então um compromisso muito maior com cada um de nós mesmos. Nossos nomes passam a ser avaliados e percebidos no âmbito profissional e também pessoal a partir das ações que realizamos, da conduta que temos dos relacionamentos que fomentamos, dos resultados que somos capazes de obter...
Se não formos capazes de compreender isto, certamente muito mais do que aparentes prejuízos para empresas, hospitais, escolas ou qualquer outro tipo de empreendimento, assim como para clientes internos ou externos, causaremos danos irreversíveis para nossas próprias imagens...
No caso dos educadores, há certamente, como nas demais áreas de atuação profissional, direitos e deveres como parte do caminho que devemos trilhar. É justo e necessário que conheçamos e possamos utilizar de nossos direitos quando assim for necessário, nunca em demasia, jamais ultrapassando os limites éticos que sabemos presentes em nossa profissão.
É, por exemplo, o que deve ocorrer quanto às faltas eventuais que ao longo de nossa carreira podem ocorrer. Doenças, intervenções cirúrgicas, falecimentos e problemas familiares (com nossos cônjuges, filhos, pais, irmãos, avós...) ocorrem com todas as pessoas em alguns momentos de suas vidas e, por conta destas dificuldades, as fazem ausentes. Como compromisso ético, é de fundamental importância que nos ausentemos somente quando isto realmente acontecer, o que, infelizmente, não é o que de fato ocorre...
Utilizar-se de expedientes como atestados médicos que lhe autorizem a ficar longe do trabalho por períodos longos, sem que realmente a pessoa esteja doente, constitui ação vil, que prejudica (e muito) os alunos (atrasando sua formação), onera ainda mais o setor público (com gastos adicionais para eventuais substituições) ou que, ainda, coloca até mesmo em risco físico as crianças e adolescentes que dispensados mais cedo das aulas... É uma ação que tem, portanto, conseqüências sérias (não apenas as mencionadas, mas muitas outras poderiam ser citadas), muitas vezes desprezadas por quem a realiza...
Como parte do Código de Ética dos educadores, num primeiro parágrafo, poderíamos inserir o compromisso da Assiduidade e, também, da pontualidade. Ser o mais freqüente possível, faltar apenas quando realmente for muito necessário e chegar um pouco antes do início das atividades escolares é elemento basilar da ação dos educadores. E é tão elementar que nem consta como parte de qualquer contrato de trabalho que tenhamos que assinar, simplesmente se espera que as pessoas, dotadas de bom senso, assumam este compromisso.
Um segundo parágrafo deveria ressaltar que de tudo faremos para que se EFETIVE a APRENDIZAGEM, ou seja, que utilizaremos metodologias, recursos e, em especial, nossa inteligência e criatividade para que a educação realmente aconteça. Este compromisso pode pensar alguns de vocês, deveria ser o primeiro, com o que posso concordar, mas a questão da presença e da demonstração física do engajamento me pareceu tão importante no atual estado da educação pública brasileira que acabei colocando-a no parágrafo primeiro... Talvez este seja um equívoco a ser repensado e reparado posteriormente...
Indo um pouco além, e até mesmo para que os tópicos anteriores tenham sentido e validade, é preciso que os educadores se ATUALIZEM SEMPRE quanto aos seus SABERES e PRÁTICAS PEDAGÓGICAS, assim como no que se refere aos seus CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS (enquanto especialistas em história, geografia, letras, matemática, educação física, artes, inglês...), e também a ATUALIDADES. Creio que este poderia ser o parágrafo terceiro de nosso Código de Ética do Educador.
Outro ponto importantíssimo, que neste breve texto trago como essencial para a ética profissional dos professores refere-se à idéia de que o trabalho que realizamos é de suma importância social e que, como tal, realiza-se dentro do contexto de equipes, que contam com vários trabalhadores... Nesse aspecto, compreender-se como parte de EQUIPES DE TRABALHO, colaborando para que estes times tenham o melhor desempenho possível, sem perder de vista suas individualidades, mas entendendo-as como parte que enriquece e torna ainda melhor o todo da ação empreendida na escola seria nosso parágrafo quatro.
Fecharia este primeiro ensaio/reflexão sobre este assunto de tão grande dimensão e repercussão no quinto parágrafo deste Código pensando nossa ação profissional quanto à repercussão e relações humanas. Os educadores são os artífices de um amanhã possível, de realizações grandiosas, que podem permitir o surgimento de um mundo mais justo. Já disse anteriormente e repito agora, professores podem salvar vidas...
E isto não se refere apenas ao nobre ato de trazer a tona, apresentar e discutir saberes com nossos alunos - refere-se também, e principalmente - ao fomento de relações humanas em que prevaleça a solidariedade, a ética, a cidadania, a honestidade, o amor...
Portanto, como quinto e último parágrafo a ser proposto inicialmente para um Código de Ética do Educador penso em algo como propiciar o diálogo, a compreensão e a troca no âmbito escolar e fomentar entre os alunos a curiosidade, o amor pelo conhecimento e a relação cordial, porém sempre aberta ao debate e a tolerância quanto a diferentes posições e idéias. VALORIZAR O SER HUMANO, talvez pudesse este ser o mote deste parágrafo... Penso que nesta última proposição esteja sendo poético e/ou filosófico demais, mas num mundo como o nosso, em que tudo é racionalidade e resultado, se não nos dermos o direito de sonhar, o que há de acontecer conosco...
Obs.: Acredito que outros “parágrafos” poderiam ser incluídos, para que tivéssemos um Código de Ética com 10, talvez 12 pontos de compromisso e engajamento enquanto profissionais da educação... Fica aberto o espaço para a reflexão e novas idéias para que voltemos ao assunto em outro texto posteriormente!
João Luís de Almeida Machado Editor do Portal Planeta Educação; Doutor em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva).
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