A conceituação de Autismo evoluiu
desde a denominação de “Síndrome de Kanner”, nos anos cinquenta, até a
“Síndrome Autista”, nos anos noventa. Durante esse período foram levantadas
diversas questões, porém nem todas foram definitivamente respondidas. Entre
essas questões envolve a classificação do Autismo, que foi incluído entre as
psicoses, não mais um tipo de Esquizofrenia, a partir dos anos setenta; e
posteriormente foi excluído desse grupo para ser considerado parte do grupo dos
Transtornos Invasivos ou Globais do Desenvolvimento, no final dos anos oitenta.
O conceito de Autismo segundo a
Autism Society Of American – ASA (1978), “é uma incapacidade no desenvolvimento
que se manifesta de maneira grave por toda a vida. É incapacitante e aparece
tipicamente nos três primeiros anos de vida. Acomete cerca de 20 entre cada 10
mil nascidos e é quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino.
É encontrado em todo o mundo e em famílias de qualquer configuração racial,
étnica e social.
Não se conseguiu provar até agora
qualquer causa psicológica no meio ambiente dessas crianças, que possa causar a
doença.” A definição de Autismo, transtorno autista, oferecidos pelo DSM-IV,
incluem-se no esquema apenas as características aceitas como universais e específicas
do Autismo.
Raramente são únicas, podem ser
manifestadas uma ampla gama de sintomas comportamentais, na qual se incluem
hiperatividade ou extrema passividade, âmbitos atencionais muito breves,
impulsividades, agressividade, condutas auto lesivas, e particularmente nas
crianças, acessos de raiva. Pode haver respostas estranhas a estímulos
sensoriais, por exemplo, aparente insensibilidade à dor, hipersensibilidades
aos sons ou ao serem tocados, reações exageradas à luzes e odores, fascinação
por certos estímulos. Risos e gargalhadas inadequadas. Gostam de girar objetos.
Ausência de medo de perigos reais, e no extremo oposto, intenso temor motivado
por estímulos que não são perigosos.
Não se aninha forma de brincar
estranha e intermitente, crises de choro e extrema angústia por razões não
discerníveis, resiste a mudanças de rotinas, habilidades motoras fina e grossa
desniveladas, apego inadequado a objetos, ecolálico, age como se fosse surdo e
resiste a métodos normais de ensino.
O Autismo é uma desordem neurológica,
biológica e metabólica que afeta vários sistemas corpóreos que leva ao atraso
no desenvolvimento global da pessoa, caracterizado por alterações
significativas na comunicação, na interação social e padrões estereotipados
restrito do comportamento, interesses e atividades. Essas alterações levam a
dificuldades adaptativas e aparecem antes dos 3 anos de idade, podendo ser
percebidas, em alguns casos, já nos primeiros meses de vida. Pode acontecer de
uma forma leve, moderado ou severo.
Ocorre aproximadamente 1-500
crianças e observa-se uma prevalência do autismo no sexo masculino, havendo uma
estimativa de que ele acomete de três a quatro meninos para cada menina. Os
indivíduos do sexo feminino tendem a estar mais gravemente afetados em relação
ao sexo masculino. Os padrões repetitivos e estereotipados de comportamento
característicos do autismo incluem resistência a mudanças, insistência em
determinadas rotinas, apego excessivo a objetos e fascínio com o movimento de
peças (tais como rodas ou hélices). Embora algumas crianças pareçam brincar,
elas se preocupam mais em alinhar ou manusear os brinquedos do que em usá-los
para sua finalidade simbólica.
Estereotipias motoras e verbais,
tais como se balançar, bater palmas repetitivamente, andar em círculos ou
repetir determinadas palavras, frases ou canções são também manifestações frequentes
em autistas. Na linguagem apresentam a inversão pronominal (substituição do uso
da primeira pessoa do singular pela terceira), a rigidez de significados
(dificuldade em associar diversos significados a um único significante) e o
fato de que as alterações mais significativas dizem respeito às funções
comunicativas da linguagem.
Existem alguns sinais importantes
que devem ser observados que podem indicar a presença de traços autistas ou
outros problemas, que podem ser percebidos no ambiente familiar, escolar e
social, descritos a seguir:
• O relacionamento com outras
pessoas pode não despertar seu interesse;
• Age como se não escutasse
(exemplo: não responde ao chamado do próprio nome);
• O contato visual com outras
pessoas é ausente ou pouco freqüente;
• A fala é usada com dificuldade,
ou pode não ser usada;
• Tem dificuldade em compreender
o que lhe é dito e também de se fazer compreender;
• Palavras ou frases podem ser
repetidas no lugar da linguagem comum (ecolalia);
• Movimentos repetitivos
(estereotipias) podem aparecer;
• Costuma se expressar fazendo
gestos e apontando, muitas vezes não fazendo uso da fala;
• As pessoas podem ser utilizadas
como meio para alcançar o que quer;
• Colo, afagos ou outros tipos de
contato físico podem ser evitados;
• Pode não demonstrar
envolvimento afetivo com outras pessoas;
• Pode ser resistente a mudanças
em sua rotina;
• O que acontece a sua volta pode
não despertar seu interesse;
• Parece preferir ficar sozinho;
• Pode se apegar a determinados
objetos;
• Crises de agressividade ou
auto-agressividade podem acontecer.
Pode-se reconhecer deficiências e
comportamentos nos primeiros 12 a 18 meses de vida. Os comportamentos
observados nesse período são a ausência de iniciativa motora, falta de atenção
conjunta e correspondências sociais, ausência de compartilhamento de afeto,
contato ocular ausente ou precário e ausência de brincadeiras simbólicas. As
três características mais marcantes no primeiro ano de vida são a ausência
constante de orientar-se para o próprio nome, incapacidade de olhar para as
pessoas diretamente nos olhos e ausência do desenvolvimento da fala.
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