Dezembro de 1955.
Uma mulher negra de 42 anos, Rosa Parks, no estado do Alabama, Estados Unidos, tomou um ônibus quase vazio e se sentou em um dos primeiros lugares. Um pouco mais à frente, o motorista parou o veículo e veio adverti-la para que desse lugar a um branco. Era a lei. Rosa não se mexeu e o motorista a ameaçou.
- "Vá em frente, daqui não saio. Mande me prender!" Rosa foi presa, mas sua coragem transformou-se em um marco na história dos Estados Unidos. Com a divulgação do fato, a comunidade negra de Montgomery decidiu boicotar o serviço de transportes públicos da cidade.
Os negros unidos organizaram uma frota autônoma de veículos, deslocaram-se a pé, de bicicleta e estimularam uma troca de caronas. Em dois meses os prejuízos passaram de um milhão de dólares e pouco mais de um ano depois do sucesso do boicote, a Corte Suprema considerou ilegal a segregação imposta pelas companhias de transportes nesse Estado e o líder desse movimento, o pastor negro Martin Luther King Jr, de 25 anos, entrou em um ônibus, sentou-se no banco da frente, e nunca mais um negro nesse país foi obrigado a ceder seu lugar para qualquer branco.
Cinquenta e três anos depois, os Estados Unidos elegeu seu primeiro presidente negro.
Qual a utilidade desse fato? O que com ele se deseja mostrar?
Os fatos marcantes na vida humana, as passagens insólitas que envolvem este ou aquele cidadão comum, não podem ser classificadas como úteis ou inúteis, necessárias ou não.
São acontecimentos, e seu relato grande ou pequeno se transformaram em episódios da História. Apenas isso ou tudo isso. Mas, o que com ele se deseja mostrar é fácil de ser exposto. A história verdadeira de Rosa Parks e a ação mobilizadora de Luther King vai muito além da circunstância de um local ou de uma época.
Serve para mostrar que quando existe consciência de que uma ação transformadora é essencial, torna-se urgente a coesão das ideias para a mobilização da massa e sua união é imprescindível para a conquista de resultados necessários. O fato histórico transcende ao tempo e sirva para que servir pode sugerir inspiração.
Dezembro de 2008.
O que com esse fato se deseja mostrar é que a educação neste belo país precisa mudar. A escola brasileira, hoje avaliada como jamais antes se viu, com raras e distantes exceções é uma escola que não educa, que não ensina e que assim não está pronta para transformar ninguém. Da mesma forma como é fácil comprovar essa certeza também não é difícil conhecer quais caminhos são necessários para que se transforme e se torne transformadora de pessoas.
Mudanças plausíveis na estrutura das Secretárias Estaduais e Municipais de Educação se impõem e com essas alterações, torna-se possível mobilizar a ação gestora de escolas pequenas ou grandes, capacitar melhor seus professores, dar asas ao seu currículo e iniciar com iniciativa e alento uma caminhada para a mudança. Em alguns poucos municípios essa mentalidade já se fez ação e os resultados aí estão para a certeza de todos.
Mas, as exceções são poucas e a força contagiante dessas iniciativas restringe-se a poucos lugares. As excelentes escolas públicas brasileiras continuam ilhas de admiráveis e admirados exemplos, mas suas lições são raramente seguidas.
É na constatação dessa invulgar certeza que a história da mobilização negra pelos direitos dos passageiros se agigante e a ação insólita de Rosa Parks ganha o desejo de inspiração.
Não falta a nossa pobre e ineficaz escola pública ideias admiráveis de algumas transformações a assumir, falta ao professor e a família brasileira a coragem para se mobilizar em única e colossal força e mostrar ao mundo que sabemos e que podemos mudar.
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