quarta-feira, 24 de agosto de 2011

EDUCANDO FILHOS 1


Criar filhos!

Esta tarefa está se tornando cada vez mais difícil. E disso ninguém duvida. O materialismo e a competitividade tomam, cada vez mais, o lugar da confiança, do amor e da atenção: fatores indispensáveis para uma boa relação entre pais e filhos. Apesar das inúmeras transformações da sociedade, os elementos dos quais as relações humanas dependem ainda são os mesmos. Eles constituem a base da formação do caráter. 

Os filhos ainda precisam dos pais; eles ainda precisam de direção, disciplina e de ânimo para crescerem, amadurecerem e tornarem-se adultos independentes.

Vamos combinar alguns conhecimentos práticos da psicologia com as permanentes verdades bíblicas. Encontraremos uma direção sólida e equilibrada para desempenharmos bem a nossa tarefa de mais longo alcance: educar filhos.

Ser pai e mãe

A chegada de um filho é uma experiência maravilhosa e única. As responsabilidades que surgem, muitas vezes, trazem também um certo sentimento de temor. Não é só uma questão de oferecer instrução, roupa ou alimento. Significa preparar homens e mulheres para serem cidadãos úteis à sociedade e que amem a Deus e ao próximo.

Se existe um dever que exija mais sabedoria e inteligência do que qualquer outro, é a tarefa de educar crianças. É um desafio. Mas ser pai ou mãe, também é um imenso privilégio, pois é uma grande oportunidade para o amadurecimento pessoal.

Numa conversa entre duas amigas, uma (que ainda não era mãe) falou para a outra: “Como admiro a sua calma e a sua paciência!” A outra então respondeu: “Ah, amiga! Se você escova o tapete da sala em detalhes, com todo o capricho possível, e alguns minutinhos depois, a sua filhinha de um ano, está pulando de alegria sobre a farinha que ela acabou de espalhar no seu tapete limpinho, ou você se irrita, ou aprende a ser paciente e dá uma boa risada…”

Tanto o homem quanto a mulher se tornam mais brandos, mais compreensivos e mais tolerantes, quando se entregam, de corpo e alma, à tarefa de educar filhos.

A importância do planejamento familiar

O ideal é que a chegada de um filho na família seja planejada. Isso vai ajudar a criança a se desenvolver de forma adequada, física, espiritual, emocional, intelectual e socialmente.

A educação de um filho se inicia na própria formação educativa dos pais. Portanto, planejamento familiar envolve: a) priorizar o crescimento e amadurecimento do casal, como indivíduos e como futuros pais; b) dar tempo para que haja uma certa estrutura financeira; e c) preparar o ambiente para a chegada do filho.

As necessidades da criança

Todo ser humano tem certas necessidades básicas e, satisfazê-las nos primeiros anos, é algo vital. É a época de se moldar as atitudes e comportamentos para a vida, pois se tais necessidades não forem satisfeitas bem cedo, mais tarde, o indivíduo poderá tentar suprir tais carências através de outras alternativas, que talvez sejam destrutivas. Pode ser que as pessoas que não tiveram as suas necessidades satisfeitas tomem uma das duas direções:

a)A reação de fuga, quando a pessoa se  retira e se concentra em si mesma.

b)A reação de conflito, tornando-se agressiva.

Algumas dessas necessidades são:

Valorização. Não dá para viver bem consigo mesmo, se a pessoa não sente que tem valor. 

Logo cedo, as crianças aprendem que os outros estão constantemente avaliando seu desempenho. Quando essas avaliações são genuinamente boas, a criança desenvolve uma auto-estima saudável. Mas se forem constantemente negativas, ela cria um senso de auto-desvalorização – sentimento básico na depressão em adultos e crianças. O indivíduo que não se sentir valorizado, além de ser infeliz, não se sentirá apto para contribuir com a sociedade.

Segurança. A criança necessita sentir segurança. Ela pode apegar-se a um brinquedo ou cobertor como um símbolo de segurança. Conflitos entre os pais, mudanças constantes de lugar, falta de disciplina adequada, críticas contínuas, o ato de priorizar coisas e não pessoas e muitos outros elementos podem gerar insegurança em uma criança.

Aceitação. Estabelece uma base sólida para o crescimento e a auto-confiança. Crianças e adolescentes que não sentem aceitos pelos pais, podem tornar-se vulneráveis às pressões de grupo. A estima que uma pessoa tem de si mesma e dos outros, depende muito do tipo de aceitação que recebeu quando era bebê. Para demonstrar aceitação à sua criança, não superproteja-a, não fique comparando-a com outras crianças e nem faça expectativas de que ela realize os sonhos que vocês, pais, não puderam realizar.

Amor. Toda criança necessita de amor para poder se desenvolver plenamente. Quando os pais demonstram, por meio de atitudes verbais e não verbais que amam os filhos, estão dando a eles o presente mais valioso. Através do exemplo de pais que se amam, a criança aprende a desenvolver este sentimento por outras pessoas. O amor é uma atitude aprendida. Envolve confiança, interesse, disposição para ouvir e, acima de tudo, ação.

Elogios. “Posso viver dois meses alimentado por um bom elogio” (Mark Twain). É fácil repreender, condenar e culpar as crianças, focalizando seus defeitos, comportamentos desagradáveis e falhas.

Mas pense no comportamento melhorado e na alegria que provavelmente resultariam, se a quantidade de palavras de encorajamento aos nossos filhos fosse igual ou superior às críticas. Se você faz uma declaração negativa sobre uma criança, serão precisas quatro declarações positivas para apagar o efeito. “Poupe a vara e estrague a criança – isto é verdade. Mas além da vara, mantenha uma maçã à mão, e dê a seu filho, quando se comportar bem” (Martinho Lutero).

O homem como pai, a  mulher como mãe

O papel do pai dá certas contribuições para a formação da criança que nada mais pode substituir. A maior responsabilidade de pai é a de ser um homem bom, direito e presente. 

Dele, a criança, o adolescente e o jovem aprenderão os traços masculinos que o farão agir como adulto. Se o pai deseja que seu filho tenha atitudes saudáveis em relação ao sexo oposto, deve ser um modelo de respeito.

Através de um relacionamento de respeito e ternura, o pai deve ajudar a filha a desenvolver sua feminilidade. Uma razão pela qual muitas mulheres experimentam dificuldade de comunicação e compreensão em seus relacionamentos com os homens é o fato de não terem desenvolvido essas atitudes nos primeiros anos de vida, com o seu pai. 

O tipo de amizade que a menina tem com seu pai, poderá afetar até o seu desempenho sexual, mais tarde, quando ela crescer e se casar.

O papel da mãe é também muito importante, afinal, ela é a primeira pessoa com quem a criança estabelece uma relação emocional. Se esse relacionamento for saudável, é provável que a criança desenvolva uma personalidade sadia e um conceito positivo de si mesma. A causa de grande parte das desordens sérias da personalidade é a privação da figura materna, na primeira infância.

Construindo a auto-imagem dos filhos

Durante os primeiros anos de vida, podemos moldar a auto-imagem da criança, como desejarmos. E aqui vale ressaltar que a formação educativa não deve ser confundida com manipulação. Se quiséssemos que uma criança ficasse deprimida e se sentisse inútil, poderíamos conseguir isso. Bastaria constantes julgamentos de baixo valor, e ela logo iria acreditar em nossas avaliações e incorporá-las à forma como vê a si mesma. Por outro lado, devemos fazer com que a criança sinta seu imenso valor, mostrando-lhe, através de elogios freqüentes, que é uma pessoa muito especial.

Há várias maneiras de expressar valor a um filho:
  • Manter uma atitude saudável em relação a você mesmo(a).
  • Fazer com que seu filho participe das atividades domésticas, bem como da tomada de certas decisões.
  • Confiar-lhe responsabilidades, dentro do possível.
  • Dar-lhe o privilégio da escolha, respeitando suas opiniões, sempre que possível.
  • Ensinar-lhe a valorizar mais as pessoas que as coisas.
  • Gastar tempo com ele.
  • Ter um bom relacionamento com seu cônjuge.
  • Demonstrar amor contínuo e incondicional por seu filho.
  • Estabelecer uma rotina regular na família: horário para refeições, tarefas domésticas, dormir, etc.
  • Exercer disciplina adequada: nem relaxada nem rígida demais.
  • Tocar seu filho, abraçá-lo, acariciá-lo e dizer-lhe palavras carinhosas.
  • Reconhecer cada filho como único, evitando comparações.
  • Ajudar seu filho a descobrir satisfação no que ele fizer.
  • Aceitar (apesar de também orientar) as amizades do seu filho.
  • Ser sincero e honesto com seu filho.
  • Reconhecer que você também erra.
  • Ouvir o seu filho.
  • Tratar seu filho como uma pessoa de valor.
  • Estimular seu filho a expressar seus sentimentos de alegria, dor, mágoa e raiva, de forma saudável.
  • Elogiar sempre que observar nele algo bom.
Ensinando os valores espirituais

Qualquer pessoa que viver os princípios que o cristianismo ensina será um cidadão de honra. A criança precisa de modelos a seguir, portanto, dê a oportunidade a seu filho de ter Jesus como seu maior herói.
As atitudes que a criança aprende durante os primeiros anos serão permanentes. O que uma criança menor de seis anos entende ser “Deus”, é espelhado do conceito que ela tem dos seus pais. Portanto, se você quer ter filhos obedientes, honrados, fiéis, pacientes e que temam a Deus, tais valores devem ser estimulados durante os primeiros anos da infância, nele e em você. 
  • Comece a transmitir os ensinamentos bem cedo, adaptando-os à idade da criança.
  • Dê um bom exemplo – ensine sem dar sermão.
  • Vá regularmente às reuniões da sua igreja.

Conclusão

Educar filhos é uma grande tarefa para a qual a maioria dos pais não se encontra preparada. Normalmente, os erros cometidos pelos pais deixam conseqüências nos filhos para o resto da vida.

Embora a educação não seja uma tarefa fácil, podemos ter a certeza de que se tivermos o sério propósito de tornar nossos filhos, homens e mulheres de bem e pedirmos a direção de Deus, Ele nos dará a sabedoria necessária.

“Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles.” Provérbios 22:6.

Momento de Refletir

1.  Pense nas necessidades básicas de uma criança, conforme viram nesta lição. Será que você tem suprido estas necessidades dos seus filhos? Em que ponto precisa melhorar?

2. Reflita sobre qual conceito que seus filhos estão desenvolvendo sobre Deus a partir daquilo que você é e de como você aje. As características de paciência, perdão, aconchego e ternura fazem parte deste conceito ou tem predominado a indiferença e o caráter punitivo?


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