Um avô jovem pode chegar a ser um
homem ou uma mulher que, tendo-se casado por volta dos vinte anos, e tendo
filhos, se encontra com um primeiro neto, recém-nascido, por volta dos
cinquenta. E ninguém, aos cinquenta anos se encontra em situação de representar
a ansiedade que, arbitrariamente, se destaca ao avô.
Aos cinquenta, quando se quis
viver como pessoa, alguém começa a amadurecer. Começa a distinguir, mais ou
menos claramente, o que é essencial e o que é acessório, graças à experiência
do tempo perdido no que é menos essencial, e também porque começa a pensar
profunda e serenamente. E possui maior disciplina interior para desprender-se
do prescindível.
Por outro lado, esse processo de
melhora pessoal chamado educação tem caráter vitalício de vinte anos-ainda que
passem muito rápidos - que vão dos cinquenta aos setenta, em termos redondos.
São idades muito significativas para a própria educação. Não apenas porque
algum filósofo definiu ao homem como “ser de crescer”, mas também porque seu
processo educativo está à vista de seus filhos, noras, genros e netos. E todos
eles se beneficiarão dos progressos deste processo de crescimento ou sofrerão
com os danos de um possível e lamentável estancamento.
Os grandes temas da melhora
pessoal
Os avós tem obrigação de
continuar crescendo como pessoa, por dupla ou tripla partida. Nem como pai ou
mãe, sogro ou nora, avô ou avó pode permitir-se o luxo de sê-lo estaticamente,
porque lhe faltaria vida. E apenas desde a vida se pode viver a vocação do
serviço à vida, como é óbvio.
Bem, mas em que pode melhorar? A
palavra melhora, referida à pessoa humana, quer dizer, educação.
EDUCAÇÃO, EM SUA EXPRESSÃO
COMPLETA,
É EDUCAÇÃO DA LIBERDADE PARA O
AMOR NA FÉ.
Em seguida, o avô, como qualquer
ser humano, deve continuar crescendo:
Em liberdade;
Em capacidade de amar.
Pode melhorar no desenvolvimento
de algumas capacidades humanas muito relacionadas com a liberdade.
Especialmente, necessitará crescer na liberdade como capacidade de aceitação.
Pode melhorar em relação ao
binômio dar-receber:
No amor conjugal;
No amor aos filhos;
No amor aos netos;
No afeto desinteressado a cada membro da
família extensa;
Na amizade; no amor divino.
Sempre, em relação a esses
grandes temas de desenvolvimento pessoal, poderíamos analisar algumas sombras
da época atual para descobrir, por contraste, as luzes que nos destacam pontos
urgentes de melhora, sobretudo para uma avó jovem, nestes preciosos vinte anos
aos quais nos referimos anteriormente.
Ante as muitas dificuldades, o
avô jovem necessita crescer em esperança. Nada mais lógico, porque juventude e
esperança estão unidas: a juventude é o fundamento da esperança natural, e a
esperança sobrenatural funda uma nova juventude.
Em íntima relação com a
esperança, deve destacar-se a amizade.
Qualquer ser humano deve
suspeitar que não se pertence a si próprio. E, desde cedo, qualquer cristão o
sabe: não se pertence a si próprio, mas a Deus. E por Ele, aos demais,
começando – no caso dos avós jovens - por seu cônjuge, por seus filhos, por
seus netos, etc.
Acabamos de destacar três
aspectos importantes na melhora pessoal do avô jovem:
O AVÔ DEVE CRESCER EM AMIZADE,
ESPERANÇA E DISPONIBILIDADE.
Ao longo de uns vinte anos
Em que podem melhorar os avós
jovens ao longo dos anos? Sua disponibilidade lhes levará a estabelecer
prioridades de melhor acordo com aquilo que mais necessitam ou esperam deles:
Seu cônjuge;
Seus filhos;
Seus netos;
Outros membros da família extensa;
Seus amigos.
Podem melhorar em muitas coisas.
Sobretudo, no essencial, pois no acidental se supõe que terão melhorado antes
dos cinquenta anos.
Podem melhorar:
No domínio do tempo, frente à pressa.
Na generosidade, tão necessária para
comportar-se como pessoas;
Na capacidade de amar e de sofrer, porque,
nestas idades, dor e amor estão mais próximos;
Na humildade, na serenidade e na alegria.
E também no desprendimento. Cada
vez mais desprendidos de tudo e de todos. E, entretanto, muito próximos a cada
ser humano que lhes procura o que lhes necessita.
Quando pela primeira vez um neto
invade a vida de uma pessoa próxima aos cinquenta anos quase nada muda. Mas é
uma chamada de atenção para que não continue distraída no urgente de sua
família nuclear.
Parece que não acontece nada. Na
realidade, a um avô jovem lhe ocorre o seguinte:
Estendem-se os limites de sua família;
Ampliam-se suas responsabilidades, na dimensão temporal de seu clã familiar, em ambas direções;
É convidado a melhorar como pessoa, e como
avô, recém-estreado;
Lembra-se, de um modo novo, que não lhe
pertence;
Ocupa
um lugar intermediário entre os membros visíveis e os invisíveis de suas
famílias;
Lhes é facilitado ver a necessidade de
renovar essa família extensa, que não é apenas para esta terra, nem pode
limitar-se a construir suas moradas aqui.
Certamente, temos a impressão, a
julgar por muitas conversas com avós recém-estreados, que muitos não sabem o
que lhes vem à cabeça.
A estreia dos avós
Com a chegada do primeiro neto
mudam muitas coisas. Os avós jovens podem considerar-se, então, melhores
espectadores prazerosos ou discretos participantes do êxito. Em todo caso,
começa para eles uma nova etapa da vida. A princípio, as avós recentes são
muito mais conscientes que seus cônjuges.
Até os cinquenta anos, os
recentes avós, talvez antes fosse um pai de família atarefado em alimentar
materialmente sua família, mais ou menos urgido pelos cúmplices do consumismo
em sua própria casa. Ora, todavia influenciado pelas necessidades materiais dos
seus, deve – como avô jovem - começar a prover-lhes de alimentos espirituais;
deve começar a cuidar da cultura familiar como alimento. Eis aqui outro âmbito
de melhora: como provedor de alimentação cultural. E isso, como os demais,
requer preparação do avô.
A liberdade consiste em abrir
caminhos e ser capaz de recorrê-los. Cada um em seu caminho pessoal. Com novos
trajetos cada dia. De modo que isto não seja um trilhar e trilhar e trilhar
sobre uma mesma extensão.
Insistiria mais nisto, com eles e
com elas. Cada dia é importante ter algum propósito a mais, para que, assim,
cada jornada seja um renovar-se a seu alcance, em suas casas, em seus afazeres.
E com seus filhos e com seus netos.
É algo assim como colocar uma
rosa nesses lares. Com seu perfume de vida tudo irá bem, sem estridências. E
cada um aceitará a pequena parte que tem sob sua responsabilidade. E se cada um
se sacrifica, irá avançando. Os próprios filhos, vendo seus pais, tratarão de
viver assim. E o mesmo os netos, se veem aos avôs ...
É uma mensagem quase esquecida, a
do sacrifício. Por isso, na transmissão de heranças espirituais e de exemplos
de vida, os avós jovens podem – e devem - fazer notar que SEM SACRIFÍCIO NÃO HÁ
VIDA
Adaptação do livro “Os Avós
Jovens”, de Oliveros F. Otero e José Altarejos.
OLIVEROS F. OTERO é doutor em
Ciências da Educação pela Universidade de Madri. Dirigiu durante muitos anos,
desde seu início, o departamento de formação de orientadores familiares do
Instituto de Ciências da Educação da Universidade de Navarra. Foi assessor de
centos de estudos superiores. É autor de dezoito livros.
JOSÉ ALTAREJOS. Diretor de
empresas de negócios e máster em Artes Liberais. Autor de um livro de poesia:
“Olhares”. Orientador familiar. Pai de quatro filhos e avô de nove netos.
1 comentários:
Fui avó aos 46 anos amiga Telva, desde o nascimento do meu porte de ouro (assim chamo meu neto) que vi que muiiiiiito ainda tinha que fazer e aprender, não esmoreci, no próximo ano completo 1/2 século e sinto que ainda tenho mais 1/2 pela frente, que seja aos trancos e barrancos, viver é isso cair e levantar... um enorme beijo no coração.
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