Quando, na Antiguidade, alguém
queria matar um urso, pendurava uma pesada tora de madeira em cima de uma
vasilha com mel.
O urso empurrava a tora com
força, a fim de afastá-la do mel. A tora voltava e o atingia.
O urso ficava irritado, feroz, e
empurrava a tora com mais força ainda, e esta o atingia por sua vez com muito
mais força.
Isso continuava até o urso ser
morto.
* * *
Se nos fixarmos nesse fato, numa
reflexão rápida e despretensiosa, poderíamos afirmar que as pessoas fazem o
mesmo quando pagam o mal com o mal que recebem dos outros.
Pensamos então: Será que nós,
seres humanos, não podemos ser mais sábios do que os ursos?
Empurramos a tora cada vez com
mais força, mesmo sabendo que ela irá retornar e nos ferir!
As Leis de Deus - em especial a
lei de causa e efeito º é muito precisa ao nos revelar esta sua característica.
Todas nossas ações são causas que
irão sempre gerar uma consequência no Mundo.
Quando retribuímos com voz
alterada e raivosa, uma palavra agressiva que nos fere o íntimo, estamos apenas
empurrando a tora, e esquecendo o mel.
Nesta analogia, o mel seria o
entendimento com o outro, a felicidade, a paz que tanto desejamos.
Só que, comumente, acabamos por
nos entreter tanto com os empurrões da tora, que acabamos deixando o mel, a
felicidade, esquecida num canto.
O objetivo do urso nunca será
empurrar a tora. Sua meta é o mel, o alimento. A tora é um obstáculo a se
contornar, um desafio apenas.
Se o animal pudesse raciocinar
como o ser humano, nesta situação em particular, certamente pensaria numa forma
de cortar a corda que sustenta a tora, ou num jeito de retirar o pote de mel
debaixo dela.
Esta é a sabedoria do bem.
Procurar outra alternativa que não a de retribuir o mal com o mal.
A sabedoria do bem proporciona,
ao recebermos palavras amargas, uma pequena reflexão antes da reação eminente.
A sabedoria do bem busca
compreender o momento do outro, a dor do outro, a angústia e infelicidades
íntimas que o moveram a soltar pela boca o veneno que guarda na alma.
A sabedoria do bem nunca é
conivente com o mal, e nem mesmo tolerante com ele. É, sim, compreensiva com o
outro ser. Tolerante, indulgente com seu irmão.
A sabedoria do bem requisita
criatividade, para que consigamos abrir a mente e pensar em outras soluções
para resolver nossos problemas, que não a vingança.
A vingança será sempre a ação
mais reativa, menos pensada, e que trará, sem dúvida alguma, a tora de volta
para nos machucar tantas e tantas vezes.
A sabedoria do bem requisita
amor. Amor pela vida, pelo Criador, sabendo que nenhum desastre, nenhum mal nos
alcança sem razão.
Só quem ama o Criador confia em
Seus desígnios, confia que tudo acontece para nosso bem, e desta forma não
cultiva ódio por seus opositores na Terra, apenas compaixão.
Só a sabedoria do bem consegue
eliminar os círculos viciosos nos quais nos aprisionamos ao longo dos milênios.
Só a sabedoria do bem em ação irá
expulsar deste Mundo a guerra, o ódio e a violência.
* * *
O verdadeiro ensinamento do amor
é forte: ele mata o mal antes que o mal possa crescer e tornar-se poderoso.
Redação do Momento Espírita com
base em trechos do livro Pensamentos para uma vida feliz, de Léon Tolstói, ed.
Prestígio.
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